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A temperatura da água no spinning

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Por vezes nem tudo corre como queremos é assim na pesca e é assim na vida.. Gosto de pensar que a vida é feita de oportunidades, de pormenores, de decisões certas e erradas e de caminhos que escolhemos, na pesca as coisas também funcionam um pouco assim..

 Como sabem não gosto de fazer relatos de pescarias, não foi um dos propósitos do blogue quando o iniciei e não o será agora, respeito quem o faça e há excelentes espaços que reflectem esse espírito..

  Hoje vou falar de como correu o fim das jornadas de pesca em Julho , em que  alguns pormenores podem fazer a diferença,neste caso a temperatura da água

 Uma das vantagens de poder pescar nas praias adjacentes à foz dos rios, no meu caso concreto o Douro, é que beneficiamos directamente da sua influência nos peixes e nos seus ciclos. No ultimo mês de Julho a água do mar esteve com uma temperatura baixa para a época, a rondar os 15 graus ,não fazia adivinhar grandes resultados na pesca, em conversa com amigos sabia que a actividade do peixe era baixa , os relatos deles confirmavam o que pensava, temperatura do mar baixa actividade dos peixes muito reduzida.
 Sei por experiência de anos passados que com águas tão frias e o vento Norte a soprar intensamente o peixe entra no estuário , e mais uma vez este ano as coisas foram assim, durante um mês o peixe andou por vários km de estuário o que proporcionou excelentes momentos de pesca , pescar dentro de estuários é engraçado mas cansa pelo ambiente em si,

 Estava atento ao que se passava no mar e tinha chegado a altura de ir fazer umas brincadeiras na costa e porquê?
 A temperatura do mar subiu, o vento Norte acalmou durante uns dias e era previsível que ia haver capturas na costa, assim foi com algumas capturas diurnas à superfície , pelo silencio da noite os jerks mostraram todas as suas potencialidades e existiram momentos com várias capturas interessantes , foram várias jornadas de pesca em cenários de costa bem diferentes mas com capturas engraçadas e interessantes.
Faço spinning todo o ano e considero relativamente fácil apanhar robalos de Inverno, de Verão a história é muito diferente , falámos de uma pesca com um grau de dificuldade maior , o prazer que retiro de Verão é muito mais recompensador, as condições climatéricas são muito mais confortáveis, o material usado mais light e há menos pescadores nas praias
 Penso que na pesca há dias que pormenores não fazem diferença mas esses mesmos dias são escassos ou residuais, na maioria das nossas saídas de pesca são a soma de vários pormenores que fazem a diferença.

 Há um que é importante e que em todos os registos marca a diferença e a maneira com temos que abordar a jornada da pesca: a ÁGUA, muitas das vezes temos discussões, falámos de luas, de linhas, de canas, de animações mas por vezes esquecemo-nos do óbvio : a água que é onde habitam os nossos alvos.

 Ora vejamos :
 As cores das amostras são escolhidas em função da tonalidade da água em grande parte das vezes.

 O estado da ondulação obriga-nos a usar artificiais que se adaptem a mares mais ou menos formados, A mesma ondulação pode ou não provocar as condições ideais para os diferentes pesqueiros na costa.

 A temperatura da água , a temperatura por si só influencia a actividade predatória dos robalos e a movimentação de cardumes de peixes presa. Que nos adianta termos a lua perfeita( para aqueles que acreditam na sua enorme influencia na pesca) e um mar de 4 metros ? Ou temperaturas da água na casa dos 13 graus? Adianta muito pouco.. Quem manda é a água..

 As fotos não estão grande coisa mas por telefone são as possiveis..

Truta desaparecerá da Península Ibérica em menos de 100 anos

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Truta desaparecerá da Península Ibérica em menos de 100 anos
06.09.2012
PÚBLICO
 " Em 2040, a truta terá perdido metade do seu habitat na Península Ibérica; em 2100 terá praticamente desaparecido, segundo um estudo de investigadores espanhóis publicado na revista Global Change Biology.
A poluição, as alterações climáticas, a extracção de água para rega e a sobre-pesca são as causas apontadas pela equipa de Ana Almodóvar, da Universidade Complutense de Madrid para a provável extinção das populações de truta-marisca (Salmo trutta), na Península Ibérica, antes de 2100.

Os investigadores analisaram o registo de temperaturas de Navarra entre 1975 e 2007 e, mediante um modelo matemático, calcularam a temperatura da água dos rios da região. Além disso, a equipa monitorizou a população de trutas em 12 rios da bacia do rio Ebro e observou que o aumento das temperaturas detectado estava associado a uma diminuição das populações deste peixe.

“No melhor dos cenários – o que considera alterações climáticas mais ligeiras –, a situação da truta é desastrosa”, afirma a investigadora ao serviço espanhol de notícias de ciência SINC (Scientific Information and News Service). Os resultados do estudo são aplicáveis a outras regiões ibéricas e mediterrâneas. “A região do Mediterrâneo é uma zona muito vulnerável às variações climáticas e à diminuição da disponibilidade de água”, acrescenta Ana Almodóvar.

“Até agora intuía-se que, devido às alterações climáticas, as populações de truta dos países do Sul da Europa seriam mais afectadas do que as do Norte. Mas faltava um estudo concreto”, diz a investigadora.

A truta Salmo trutta está classificada como espécie Criticamente em Perigo pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.

Apenas as populações dos rios Minho e Lima apresentam a forma migradora (e não a forma sedentária), ou seja, aquelas cujos peixes eclodem em água doce e, passados um a dois anos, migram para o mar onde crescem até à maturação sexual.

Só depois regressam aos locais de nascimento para se reproduzirem, normalmente zonas de baixa profundidade, com velocidades de corrente moderada e bem oxigenadas e sem poluição."

Noticia retirada do Publico online
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1561916


Adeus laminárias

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Esta não é uma história nova , é um acontecimento que é ciclico, é a pesca com zagaias tradicionais de origem do Norte de Portugal..

Antes de existir o spinning como agora o conhecemos já tinha nascido esta pesca..

Depois de uma férias merecidas com a familia e antes de voltar às obrigações profissionais tive tempo  ainda de fazer umas incursões pelos pesqueiros habituais, depois de duas semanas a pescar peixes que não estou muito habituado até que sabe bem voltar a sentir o cheiro a maresia das praias adjacentes à foz do Douro.

As laminárias tinham desaparecido, mares mais formados e parece que há um chamamento por um artificial a imtemporal zagaia..

No dia que capturei o peixe da foto,infelizmente larguei um peixe bem maior, que não me deu hipótese ao contornar um afloreado rochoso..

3 dias seguidos com peixe nos pesqueiros e apenas atacavam zagaias...


Adeus laminárias, olá zagaias!

Dá que pensar este artificial, amostras nipónicas de ultima geração muitas vezes não têm a minima hipótese de competir com as zagaias tradicionais..

Muitas amostras apanham peixes, peixes de kg atacam com relativa facilidade  muitos artificiais mas esta é talhada para peixes record..

Conheço excelentes pescadores que tem enormes dificuldades para serem eficazes com estes artificias, conheço quem tenha demorado anos a apanhar peixes dignos de registo com elas..

Altamentte eficaz e altamente controversa..

Boas pescas amigos e peço desculpa a alguns mails e mensagens que não tenho respondido mas tenho andádo alheado da Internet, ando onde sou muito feliz, junto ao mar a pescar!








O spinning não é superior

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Gosto de pescar porque me alivia a alma, o verbo aliviar é um verbo engraçado, populista até,  se me perguntarem se fico aliviado quando vou pescar e entrando agora no campo dos adjectivos na realidade até são muitos os momentos na pesca que não consigo adjectivar, são momentos polarizados, antagónicos e absurdos: 
Levantar cedo, roubar tempo ao descanso físico para chegar ao mar e ver o mar cravejado, minado e poluído de redes, ver pesqueiros em que o marisco é completamente rapado sem critério algum, (depre)apreciar pequenas multidões na maré vazia a varrer os pesqueiros,.. Não, não se pode dizer que me alivia a alma, não posso ficar aliviado quando vejo um património a ser delapidado, um património que não é meu, é de 10 milhões de Portugueses.. 

Não, não fico aliviado quando vejo pescadores de spinning a descer a areia e a olharem de soslaio e até desdém para um velho pescador de surf casting, 

Não fico aliviado quando a  pesca se torna numa passagem de modelos em que os pescadores de spinning descem a areia a caminhar em bico de pés, com a sua cana de carbono em altíssimo módulo, com o seu grip à cintura,  em coldre ou estrategicamente colocado com o seu extensor , coletes à prova de bala, de água e de quedas, não, não fico aliviado mas em boa verdade se diga que já dei boas gargalhadas a escrever este parágrafo quando mentalmente me ocorreram algumas passagens. 

Não, não fico aliviado quando os pescadores de spinning levam para o campo do exagero as suas teorias matemáticas sobre a pesca, os materiais e mais algumas divagações egocêntricas. 

Não, não fico aliviado quando vejo pescadores de spinning com dois ou três anos de experiência a debitar discursos roubados , ideias por outros construídas sem reconhecer o verdadeiro tempo de aprendizagem , a experiência como algo intrínseco e necessário na pesca, como em muitas outras coisas na vida, porque ainda não perceberam que a pesca acaba por ser uma aprendizagem individual mas também  colectiva e sempre infindável , que todas as teorias podem cair por terra porque lidámos com seres vivos, com vontade própria e um instinto de sobrevivência notável. 

No outro pólo, fico aliviado quando vejo os velhos pescadores de surf casting a apanhar mais robalos que os modernos pescadores de spinning, fico muito aliviado quando aprecio o velhinho pescador de buldo a travar o bulrag na restinga e a provocar um ataque de um robalo mais voraz… 

Fico aliviado no sentido mais puro do adjectivo quando constato que os robalos e todos os outros  peixes não escolhem por quem são capturados, não ligam a títulos académicos nem a pescadores que possuem centenas de amostras, não escolhem as amostras ou os iscos porque são de origem japonesa  a até foram muito caros.. 

Realmente o bom material ajuda, ajuda os bons pescadores a serem melhores pescadores mas apenas o material não vai fazer de ninguém pescador e infelizmente alguns (pseudo) pescadores só aprendem a ser humildes através dos peixes que teimam em não se deixarem enganar por eles.. 
 Não,não sou contra a evolução nos materiais, até muito pelo contrário, adoro experimentar e aproveitar novas janelas de oportunidade, sou é contra a falsa permissa que os pescadores de spinning estão num degrau acima de outros pescadores que usam outras técnicas e que até não têm capacidade financeira para mais.

Fico aliviado quando constato que ainda há peixes grandes no mar no meio de tantos atentados.. 

Fico aliviado porque há pessoas fantásticas na pesca, como na vida, repletas de sabedoria, mas todas essas sem excepção são de uma humildade e liberdade de pensamento admiráveis, possuem uma mente aberta mas  têm um bom senso e um sentido prático inabaláveis  

E por fim quase me esquecia , a desova já começou em alguns lugares,pesquem em consciência e com consciência, a partir de agora é muito mais fácil tropeçar em grandes exemplares para a alegria dos mais egocêntricos que infelizmente aparecem em todos os lados. 

Os pescadores de spinning não são superiores aos outros, convém alguém relembrar isso de quando em vez.

Contra todas as probabilidades 9,170kg

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Há quem acredite nas coincidências ou num destino pré definido. 
Por norma tento encontrar explicação nos acontecimentos ou na sua interligação, explicar aquilo em que não acreditámos é um exercício bem mais difícil, pelo menos assim o é para mim. 
Na prática todas as decisões que tomámos ao longo da vida têm a sua influência no futuro, às vezes com consequências imprevisíveis condicionadas por pequenas decisões. 

Na pesca assim o é também, estar na altura certa e no lugar certo por vezes pode ser um exercício matemático de probabilidades mas há momentos que todas as probabilidades podem ser derrotadas ou em que simplesmente o improvável acontece. 

Com muito prazer que me identifico com a pesca, sempre assim o foi desde que me recordo de ter memória. 
A pesca esteve comigo desde sempre e eu sempre estive com a pesca, tive a felicidade de viver momentos inesquecíveis a pescar em criança, adolescente e já em adulto, não se pode viver do passado mas é igualmente impossível viver sem recordar o mesmo, penso que vivi na pesca dia após dia com objectivos diferentes, à distancia do tempo penso que consegui atingir todos os objectivos a que me propus, ao longo dos últimos anos acho que desfruto da pesca na sua plenitude, já não me preocupava em apanhar peixes grandes ou tentar descobrir aquele segredo guardado a sete chaves por alguém, já à muito que deixei de acreditar em amostras ou técnicas infalíveis, a idade acabou por fazer o seu trabalho. 

 Falando de robalos faz já muitos anos que tinha batido a barreira dos 8 kg num fim de tarde na foz do Douro algo que por aqui já escrevi. 
 Em média no fim de um ano devo pescar entre 3 a 4 vezes por semana, depois dessa tarde nunca mais bati essa barreira, fiz pescas brutais, apanhei peixes grandes, a barreira dos 6 e7 kg bati várias vezes, a partir dos 8 nunca mais, imaginem o numero de vezes que já pesquei depois disso, penso sinceramente que depois desse dia ferrei 2 peixes que podiam bater esse peso, perdi os dois. 

Voltando atrás no texto, coincidência ou não nesse fim de tarde que apanhei o peixe peguei na cana para fazer tempo para o Jantar que por sinal até ia ser uma reunião familiar como agora ainda o fazemos semanalmente, nesse final de tarde apanhei esse peixe e mais três, todos eles excelentes peixes, um peixe acima dos 6 e dois entre os 3 e os 4 kg., dificilmente esquecerei esse dia porque foi o dia em que capturei o meu maior robalo mas também porque foi uma coincidência ter ido pescar, não tinha nada planeado e nem sequer a maré era das mais indicadas para aquele local, lá estão as probabilidades a enganar ou apenas o improvável a acontecer. 

Sempre tentei ser o mais racional possível na pesca (retirando a parte das aquisições das amostras), sempre gostei de ir preparado para diversos cenários no entanto existiram pescas atípicas e sem qualquer tipo de condições e planeamento que me fizeram crer ao longo dos anos que na pesca basta ir pescar, concordo que há padrões, existem factores, condicionantes, muitos já abordei por aqui e penso que temos que padronizar as nossas pescas para aumentar as capturas, saber o porquê das grades e das capturas é importante em pescas futuras mas esquecemos sempre o improvável. 

No mês de Dezembro por norma pouco pesco, por razões que nem sequer são pertinentes para este texto, mas as vezes que vou pescar são mesmo muito reduzidas. 

O mar há vários dias que não tinha condições para pescar, observava-o diariamente e poderia existir uma pequena janela para pescar numa quarta-feira pelas previsões do Windguru, essa bela ferramenta que tantas vezes nos engana. 
A Quarta feira chegou e de manhã como habitual fui ver o mar, bem… nada de especial e muito forte ainda, a janela prevista estava para depois do almoço, na véspera tinha comentado com dois amigos que ia lá pescar uma hora mas a vontade já não era muita depois do que tinha visto pela manhã. 

Depois do almoço, pego na cana e carreto e começo o ritual da escolha das amostras amostras, só que a meio desisti, decidi levar a cana, o carreto, uma caixa com zagaias e meia dúzia de vinis tudo dentro de uma mochila estanque, decidi ir pescar de waders algo também que raramente vou fazendo. A motivação estava em baixo, aquelas condições não me despertavam confiança. 

 Ao sair de casa ligo ao Valadas a perguntar onde andava, estava num pesqueiro mas o mesmo não tinha condições e decidimos encontrarmo-nos noutro, quando já cheguei lá estava ele a fazer o seu famoso nó, enquanto ele tratava do terminal fui ver o pesqueiro e com aquele vento e sem água naqueles caneiros a sorte parecia que não ia ser muita. 
Combinámos então ir ver um outro e nesse as condições eram melhores só que o vento era insuportável, lembro-me de estar a vestir o wader e a pensar “ que perca de tempo, devia ter era juízo”. 

Lá fomos os dois e retirando o vento o mar até estava com algumas condições, pescável mas no limite, um caneiro, dois caneiros e nada, na verdade sinceramente não esperava capturar nada. 

O Valadas a determinada altura pescava com uma Saltiga e exaltava as qualidades da mesma, eu continuava com uma zagaia a lançar em leque, lembro-me de ter trocado o atrelado da mesma duas vezes, falávamos do pesqueiro e dos peixes que já se perdeu devido à dificuldade do mesmo, muitas pedras e para complicar pescámos a cerca de 2/3 metros da água. 
  Até que o improvável acontece: ferro um peixe e o que acontece a seguir as palavras serão sempre escassas para retratar: 

Ferro o peixe e a cana dobra automaticamente como se de uma mola se tratasse, o peixe inesperadamente não leva linha, sobe à superfície, chega à superfície debate-se com força e começa um corrida para o fundo, lembro-me de estar com o peixe e de ouvir o Valadas a comentar que quando o peixe bateu na superfície pensou que fosse a onda a bater num floreado rochoso meio submerso que lá tem, o peixe pedia linha e linha ele teve, a girar a manivela ao contrário pensava como haveria de tirar o peixe da água. 

O mais difícil estava para vir, porque naquele ponto de maré não conseguíamos chegar à linha de água para cobrar o peixe, sabia que não podia encostar o peixe às pedras sem saber em que sitio o tinha que fazer, a única hipótese era segurar o peixe fora e pensar como o cobrar, o problema é que esta não é daquelas situações que nos podemos sentar e pensar como fazer, ou tomámos decisões rapidamente ou adeus peixe. 

O Valadas e bem dizia para segurar o peixe fora, só que pescávamos paralelos à rebentação com a agravante que tinha pedras pela minha direita e esquerda, todas altas, o peixe para ser cobrado tinha que ser pelo sitio onde nos encontrávamos além de ainda não saber onde iria encalhar o peixe o mesmo lutava e com a rebentação a empurrar o peixe no sentido das pedras à minha direita. 
 Tentei descer a pedra pela esquerda, o Valadas dizia que por aquele sitio não ia dar e tinha razão, voltei a subir e olhando para a direita descubro uma pequena hipótese: descer a pedra onde me encontrava e saltar para outra, mesmo assim não chegava à agua, o salto não era difícil, o peixe já se encontrava cansado, o problema era a rebentação que teimava em arrastar o peixe para as pedras e sempre que vinha uma vaga tinha que forçar o peixe para ele não ser arrastado, só tinha que saltar e manter a linha em tensão, assim pensei e assim o fiz, mais próximo da água já estava, mas o metro que faltava pareciam 10 metros, o Valadas já me tinha seguido e foi graças a ele que surgiu a solução: A ideia seria arrastar o peixe por cima de uma pedra com a ajuda da vaga, quando a vaga passava a pedra enchia igualmente um buraco entre pedras, nesse buraco o Valadas conseguia chegar ao peixe, o único senão era que se não o conseguisse agarrar na primeira tentativa a água iria recuar  e o buraco ficaria sem água e o peixe iria acompanhar a descida da água, se isso acontecesse o mais certo seria perder o peixe. 
Era uma hipótese… Convenhamos que era a única possível, esperámos pela vaga certa e forcei o peixe com o material no limite quase a ceder à rebentação, arrasto o peixe por cima da pedra e assim que o peixe cai no buraco o Valadas consegue agarrar o peixe pela guelra. 

Foram dez minutos de adrenalina ao máximo com algumas gargalhadas pelo meio, sabia que era um peixe grande mas só tive a real noção quando dei a mão ao Valadas para o puxar para cima e ele o colocou aos meus pés. 

Recordo muitos pormenores da captura mas dificilmente esquecerei a alegria que ambos sentíamos, lembro-me que ficamos durante uns breves segundos em silencio a olhar para o peixe e depois foi a explosão de alegria. 

O improvável aconteceu: condições péssimas para pescar, pesqueiro de dificuldade extrema e um robalo de 9.170 gramas, depois de tantos anos bati novamente a barreira dos 8 kg. 

Tenho a perfeita noção que um peixe deste tamanho não define um pescador, porque poderia pescar dia após dia e nunca encontrar um peixe desse calibre, tenho noção que o improvável, a sorte e o destino tiveram comigo nesse dia mas também teve o Valadas que sem ele era impossível cobrar aquele peixe, aliás tenho sérias duvidas que um pescador sozinho naquele local conseguisse cobrar o peixe. 


Para terminar quero dizer que são estes momentos que só os pescadores verdadeiramente apaixonados entendem, na memória ficará o peixe mas fica igualmente a alegria do genuína do Valadas com a captura, se levo muitos anos a pescar o Valadas ainda mais, e quando estamos presentes em alegria genuína tudo tem um sabor diferente, uma pureza que não merece ser manchada por palavras, ao Valadas o meu obrigado. 
Mais tarde apareceu outro amigo: o Pedro e depois o meu irmão com outro amigo o Marcos, e durante 30 minutos o peixe foi o Rei. 

Quem vai acompanhando o robalos na alma sabe que não faço relatos de pescarias com frequência, quando criei o blogue  necessitava de um espaço para colocar algumas ideias, eram quase inexistentes  os blogues de pesca no  Norte de Portugal, tentei durante anos ir mantendo este espaço com imparcialidade e completamente isento de marcas ou correntes de opinião do exterior, o relato de hoje é para partilhar uma das coisas mais puras que tenho: 

 O prazer de pescar, a alegria que tenho de saltar de pedra em pedra, de sentir o cheiro a maresia e de sonhar com os peixes, o momento em que deixar de sentir esse prazer ou ilusão a pesca perde o sentido, nunca criei este espaço para gáudio pessoal, o que me interessava partilhar era uma paixão.. 

Nunca me arrependi de nada na minha vida, este espaço também faz parte de uma etapa, é chegada a altura de me ausentar deste espaço, quando faço algo tenho que o fazer com gosto, paixão e dedicação, há alturas que os níveis de saturação atingem picos e é nessa fase que me encontro faz já largos meses, chegou a altura de oxigenar e perspectivar, desligar a ficha por vezes é importante e é o caminho que neste momento decidi. 

Voltarei ao robalos na alma isso vos posso garantir, se daqui a 2 meses ou daqui a dois anos não faço a mínima ideia, prometo que um dia voltarei aqui a escrever. 

A todos os que foram visitando e participando neste espaço o meu sincero agradecimento, graças a este espaço conheci pessoas fantásticas e só por isso já valeu a pena ter iniciado este espaço 

Pesquem e estimem esta paixão maravilhosa, continuem a perseguir os vossos objectivos e continuem a sonhar com peixes grandes, seguirei perseguindo os peixes, com a mesma ilusão de quando era um miúdo, no fundo pescar é sonhar e quando perdemos a capacidade se sonhar perdemos um pouco da nossa condição humana

Faço esse interregno com a mensagem que ainda há peixes grandes daqueles que aparecem nos nossos sonhos mesmo que por muito mais improvável que pareça vale a pena pescar, vale a pena continuar a sonhar..

A pesca é um destino que nos amarra, com sol ou à chuva , de noite ou de dia quando as probabilidades assim o entenderem encontrámo-nos numa praia,até um dia amigos, bem haja a todos..


Estado on

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Para muitos resulta difícil tentar imaginar a pesca sem canas de compósitos de carbono,
linhas multifilares ou a ultima novidade em amostras japonesas. Para outros será
praticamente impossível planear pescas sem sites de previsões meteorológicas como o
windguru..
Na realidade não é preciso recuar muitos anos para nos encontrarmos na situação em
que não existiam esses materiais para pescar, e olhávamos o mar com a incógnita de
como o iríamos encontrar no dia seguinte.
 Tive a oportunidade de viver essa fase de transição, das sportex ao mais recente
carbono , dos Sofi aos Stellas , da linha Araty ou bayer aos mais avançados
fluocarbonos..

Assisti a uma grande evolução de materiais , vagarosamente entraram  para de
seguida assistir a uma brutal massificação dos mesmos … e a evolução continua , se
assistiremos a outro salto tecnológico em tão curto tempo só o futuro o dirá..
As distâncias ficaram mais curtas, o próprio mundo também, a Internet revolucionou
o mundo, encurtou o tempo de circulação de informação, é agora o palco de tudo, um
mundo virtual com estranhas ligações para o exterior, para o verdadeiro: aquele em que
se olha nos olhos de um amigo ou sente-se o peso da experiência numa pele enrugada.

 Cada um de nós sente a pesca de maneira diferente, assim o é em todos os aspectos da
vida, há pescadores para todos os tipos, do vulgar contador de historias pouco prováveis
ao mais humilde dos praticantes.

Quando comecei a pescar as coisas eram mais simples, as pessoas pescavam porque
gostavam ou necessitavam, tinham uma cana e um carreto e o mesmo já era um grande
investimento. Agora temos várias canas e carretos e continuamos à espera da próxima
novidade, daquele carreto mais leve ou de um artificial realista.
 Também me lembro que quando comecei a pescar os pescadores já diziam que
antigamente é que dava muito peixe, curiosamente essa expressão é muito utilizada
ainda no presente, na pesca e mais uma vez repito como na vida há coisas que nunca
mudam, tal como algumas pessoas.

 Muito honestamente afastei-me da Internet pelas mais variadas razões uma dela
era que começava a ficar com reminiscências de misantropismo sobre uma parte de
pescadores que vagueavam pela Internet , tantas as incongruências próprias de quem
quer mas não pode que cansaram a alma, decidi desligar a 100% do meio
cibernauta
Nos últimos meses efectuei um reset a muita coisa e o misantropismo começou a dar
origem a várias gargalhadas, voltei a caminhar por onde já fui muito feliz, em sítios
onde não há cinzentos, há o preto ou branco, a sinceridade ou a mentira na resposta que
já conhecemos de outros tempos, sem duvida que prefiro o mundo real por mais cru
que por vezes só ele pode ser, a Internet facilita a comunicação , abrange um leque mais
amplo de pessoas e em dois cliques comunicámos com alguém do outro lado do mundo
com outras experiências e vivências mas no final é na areia e em cima das pedras que
tudo se funde e resolve..

O robalosnaalma não é um blogue de massas, escrevo sobre o que quero, quando assim
o entendo e partilho muitas das vezes nos espaços que vagueiam entre as palavras e nas
ligações de posts que por vezes parecem não ter encadeamento ou uma simples ligação.
Não é um blogue de massas porque não perco tempo em publicitar o blogue, não
sigo outros blogues com o único intuito de conseguir links de escala ou escrevo
comentários para estabeler ligações para este.
 Não preciso de ser o melhor, nem o mais visto ou mais falado, sigo os blogues que algo
me dizem e por aí me fico.
Bem sei que não agrado a todos, ainda bem que assim o é porque eu também não gosto todos os seres humanos que conheço , respeitar sim, gostar ou apreciar são coisas bem distintas..

Não escrevo por escrever, quem por aqui passava apenas para saber se algumas capturas
se iam realizando desiludiram-se, as fotos aqui colocadas tem um grande desfasamento
temporal entre as capturas e a sua publicação, também não faço questão de fazer
grandes zooms nas fotos para fazer crer que um peixe de 600 gramas tem 2 kg , são
técnicas já do tempo de outra senhora que a mim nada dizem..
Preocupo-me apenas em colocar fotos de peixes que tente dignificar os mesmos dentro
das possibilidades, um animal morto em qualquer das circunstanciais de digno nada
tem.

 Tenho a mais pura das certezas que há imensos pescadores que são melhores que eu ,
da mesma forma que sinto que igualmente existem muitos que tecnicamente serão
inferiores mas não admito que exista alguém que diga que tem uma paixão maior que
a minha pela pesca, pela água , se eu fosse pescar apenas pelo facto de pescar peixe há
muito que já não pescava..

A vida tem que ser um constante desafio, um renovar de objectivos, da capacidade de
sonhar, uma perpetua vontade de derrubar barreiras sendo que o mais importante não
é chegar ao fim de um caminho mas sentir que o caminho é infinito e não ter vergonha
da maneira que se caminha , na mais simples das duvidas encontram-se as maiores
respostas a segredos e obstáculos.

Uma das coisas que mais prezo é a liberdade de pensamento sobre o que aqui escrevo,
não sou patrocinado por ninguém, não tenho qualquer tipo de ligação a nenhuma marca,
dá-me igual se falam bem de marca x ou y… , não ganho um euro de nenhuma marca
e no meu futuro próximo não está nos meus horizontes ter qualquer tipo de ligação
ou parceria com a industria da pesca desportiva, mesmo quando escrevia artigos para
alguma imprensa especializada uma das condições que exigia era que nas páginas dos
artigos não poderia aparecer qualquer tipo de publicidade de marcas, não quero nem
queria o meu nome ligado a nenhuma , a minha vida profissional é distante da pesca
desportiva, ter um blogue para ser um canal de influencias de vendas deixo para outros.
Não posso de maneira nenhuma repudiar quem é patrocinado, cada um sabe o que quer
para si ou necessita, se um dia eu fosse patrocinado também vos garantia que deixaria
uma mensagem de esclarecimento como já vi num blogue de Espanha , chama-se a isso
transparência…



Na pesca tenho momentos antagónicos, se umas vezes dou comigo a cruzar tanta
informação para encontrar uma explicação ou um simples padrão em outros limito-me a
ir pescar e de ambas as maneiras sou feliz porque no inicio ou no fim a pesca é simples:
Um pescador e a sua vontade de capturar peixe e para o conseguir a resposta é
tremendamente fácil:
Estar no sítio certo, à hora certa a pescar da maneira ideal ou mais eficaz.
Tudo o resto são as improbabilidades ou probabilidades a funcionar, um exercício
simples é pensar que quem for mais vezes à pesca e mais tempo pescar, mais peixes irá
apanhar.
Mas na realidade há pescadores que vão menos vezes à pesca e apanham mais peixe que
muitos outros que passam o dia nos pesqueiros, como isso acontece?
Estar no sitio certo, à hora certa a pescar da maneira ideal ou mais eficaz.
 A pesca ainda tem alguns segredos mas tudo se resume a :
Estar no sitio certo, à hora certa a pescar da maneira ideal ou mais eficaz.

Acho engraçados pensarem que ainda há amostras secretas, daquelas que apanham
peixe em todas as situações.
 Não, não há, se assim fosse já não havia peixe para capturar e para algumas pessoas
que pensavam que não escrevia sobre amostras em particular porque teria amostras
secretas, que lançavam 100 metros e disparavam relâmpagos no ar, desenganem-se.
 Não escrevia porque não queria influenciar ninguém na compra de algo ou muito
menos que alguém pensasse:

“ Olha mais um a ver se convence mais gente a comprar amostras da marca x”

E nesta nova etapa é algo que irei falar também, se dou a opinião sobre algo concreto a
quem me pergunta, porque razão não o faria aqui também?

Nos processos mais simples encontrámos as maiores alegrias , e por vezes os
pescadores de spinning têm a tendência a ligar o complicador e uma das análises que fiz
ao longo dos tempos foi essa mesmo, nos momentos em que ligo o complicador são os
períodos em que menos peixe apanho, na certeza porém que foi o complicador que me
abriu a porta a muitas situações , a novas perspectivas e abordagens..

 Como na vida o segredo está no equilíbrio e ter presente que aprendemos com todos, é
no mais simples dos comentários que encontrámos a resposta que tantos procurámos,
 Por saber que o caminho é infinito este espaço encontra-se oficialmente em estado on.

Até já e boas pescas.


Breaking the surface

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Algumas imagens podiam ser no Lima ou no Minho,mas não... São do Canadá.. Grande, enorme trailer de uma das minhas marcas predilectas, tem cada "toma" na superfície que se torna arrepiante. Tirem o chapéu e curvem-se perante o rei dos peixes, depois sentem-se, relaxem e apreciem:


 
Breaking the surface :: Loop Tackle Design from Loop Tackle on Vimeo.

Momentos


First fish

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Vale a pena ver porque nem só de peixes vive a pesca, com este filme lembrei-me do meu passado mas igualmente do futuro





First Fish from norcal on Vimeo.

Spinning na costa e os pontos de água

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Um dos factores mais importantes no sucesso das nossas saídas de pesca é sem duvida a escolha do pesqueiro.
Há um pensamento e uma frase que me ocorre muitas vezes mentalmente e outras tantas em conversas com amigos: Onde há água há peixe..
Haverá sempre pesqueiros melhores que outros, existirão sempre pesqueiros temporários devido ao dinamismo do mar e movimentação de areias ou então porque entraram em larga escala espécies presa dos peixes.
Mas em grande medida, onde há água pode haver peixe.

Há frases que fazem parte do léxico dos pescadores que muitas das vezes não se perde o tempo necessário em decifrar o sentido das mesmas:

É a maré ideal para este pesqueiro
Este pesqueiro é bom de preia mar
Ainda é cedo para o peixe entrar no pesqueiro
Já não tem peixe no pesqueiro
A maré está mesmo no ponto para dar peixe
 Vou só fazer a maré

Muitos dos pescadores preocupam-se em saber onde são os melhores pesqueiros ou até onde pesca pescador x ou y, muitas das vezes vão pescar para pesqueiros referidos ou de referência mas na altura errada e em condições não favoráveis.

Há várias coisas que temos que separar por isso vamos por partes:

O ponto de água:

Chamamos ao ponto de água o espaço temporal da marés em que o pesqueiro tem a quantidade de água ideal para ter peixe.
Há dois tempos que são quase consagrados universalmente como excelentes para capturar peixes: o preia mar e o baixa mar , muito genericamente esta ideia é correcta, porque ambas marcam períodos de mudança no meio onde os nossos alvos habitam.
 Durante a evolução das marés muito mais se passa, quem pesca na costa fica refém da amplitude e ponto das mesmas para pescar em pontos específicos mais ou menos avançados mar dentro, um erro muito comum é em marés a vazar pescadores quererem avançar o quanto antes para pedras mais avançadas porque pensam que assim tem mais hipóteses de capturar peixe.
 Todos os pesqueiros tem pontos de água mas os mesmos interagem com as condições do mar, ondulação mais ou menos forte é o suficiente para colocar ou retirar um pesqueiro no ponto de água com as condições ideias para capturar peixes ou não.

A perder água ou a meter água no pesqueiro?

Há uma simples observação que podem fazer em ambientes mistos na costa, nos caneiros ou poças de água deixados a descoberto pela descida da maré atentem na vida animal dos mesmos enquanto a maré desce e voltem a ver os mesmos quando começam a chegar as primeiras águas da enchente, o resultado na esmagadora maioria é um dinamismo impressionante de várias espécies, onde anteriormente tínhamos visto alguns camarões, caranguejos ou cabozes agora vamos ver muitos mais , em deslocação e em maior dinamismo.
Não quero dizer que durante a baixa mar os mesmos não tivessem lá, na maior parte das vezes estão mas entocados ou escondidos E com a maré a encher sentem que é a altura de se movimentar, alimentar e deslocar, a vazar acontece o mesmo mas aos nossos olhos não é tão perceptível.

Os robalos e outros predadores acompanham estes movimentos, acompanham a maré, entram e saem dos pesqueiros, muitas das vezes devido à dinâmica da água outras tantas esperando a oportunidade de uma refeição.

Para quem se preocupa em registar as suas saídas de pesca e a formar padrões com o tempo vamos descobrir que há pesqueiros que são melhores com a maré a subir, outros exactamente o inverso e outros no decorrer das marés mediante a sua acessibilidade perante o coeficente de altura de maré sempre conjugado com o estado da agitação do mar, existirão ainda casos tanto de preia mar como baixa mar o mesmo pesqueiro é excelente, na realidade onde há água há peixe.

Há pesqueiros que de dia me deram alegrias escassas e pela noite tem sido palco de imensas alegrias

Para quem vive perto de estuários as cinergias  ainda são bem mais interessantes porque além de termos o próprio estuário para pescar nas praias adjacentes mediante a estação do ano os pesqueiros ficam mais ou menos repletos de vida..

Sobre pesqueiros e suas características há uma realidade absoluta, ou fazemos imensas pescas e vamos descobrindo os seus pontos de água ou temos que ter alguém que nos diga como os mesmos funcionam.

Aprendi muita coisa sozinho com muitas grades às costas mas aprendi muito com outros pescadores, não só aos que se dedicam à pesca com artificiais mas também com os senhores da chumbadinha ou surf casting..

O conhecimento dos pesqueiros é provavelmente a parte mais difícil da pesca, há pormenores , manias, pequenos truques que só o tempo nos dá ,  principalmente nos pesqueiros de ambientes rochosos menos mutáveis  vamos aprender onde o peixe ataca as amostras, é incrível como em ambientes repletos de pedra ano após ano vamos apanhando peixe sempre no mesmo local e a escassos metros ao lado raramente fazemos a festa..
Se me perguntam se tenho segredos na pesca, tenho, sobre amostras,técnicas e outros se o faço é inadvertidamente sobre os pontos de água a história é diferente.

Sei que não posso querer os pesqueiros só para mim mas depois de perder tanto tempo em alguns e acordar às 5 da manhã para chegar ao local e ver 15 pessoas penduradas nas pedras não posso dizer que seja um sonho que acalente ver muitas vezes , muito mais porque já passei por essa situação várias vezes.

Nunca entendi como na costa com uma massa tamanha de água e inúmeros pesqueiros por vezes assisto a romarias nos pesqueiros, chegámos a um ponto que não é preciso saber que deram 30 peixes num pesqueiro para que no dia seguinte estejam lá 20 pescadores, basta por vezes um único peixe para fazer essas movimentações.

Considero-me uma pessoa privilegiada em muitos aspectos, um dos quais com o decorrer dos anos ter feito excelentes amigos na pesca que vamos falando amiúde, por cada vez que soubesse onde andava a sair uns peixes fosse ter com eles seriam raras as vezes que pescava na zona onde pesco.

Para quem lê o robalosnaalma e me tem em consideração deixo aqui um pequena mensagem, a partilha de conhecimentos é vital, faz parte da nossa condição humana mas para aqueles que querem sentir a verdadeira essência da pesca não se preocupem em correr atrás dos peixes porque ouviram alguma coisa, insistam onde gostam de pescar, onde logisticamente vos é mais acessível, pratico e rápido, robalos há em todo o lado, conheçam a vossa casa e de quando em vez visitem os amigos e  acreditem que vão ter alegres e enormes surpresas.



Abertura da pesca às trutas 2014, o património de todos

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Faltam poucos dias para um dos dias mais aguardados no seio de pescadores desportivos nacionais, a abertura da pesca às trutas!

Que dizer sobre o mesmo? O dia é sempre um dia especial, para mim é já uma tradição familiar de longos anos, não será com certeza o melhor dia de pesca mas é sempre diferente dos outros.

Na realidade a loucura já não é a mesma de outros tempos, essa fase já passou faz alguns anos, na verdade também cada vez são menos as trutas, as populações continuam a regredir a passos largos

Não deve ter existido peixe tão perseguido de  água doce em  Portugal como a truta, a sua pesca, histórias e peripécias são um património colectivo de várias gerações, é sem duvida o peixe rei de Portugal não desprezando o achigã que chegou mais tarde a Portugal.
E não é por coincidência que refiro a palavra património várias vezes, as trutas, a sua pesca, a sua história deve ser preservada a todo o custo, se o Estado nada faz por esse legado façamos nós, pesquem sem morte, preservem o futuro e os ecossistemas tão sensíveis e pequenos onde as mesmas habitam.



 Pouco faltará para o regime de águas concessionadas brilhar e imperar na maior parte dos rios, o Estado Português encontrou a solução ideal de se ilibar do seu papel como Entidade principal e reguladora das massas de água nacionais, a troco de meia dúzia de euros transmite e hipoteca a gestão a clubes e a associações de largos km de rios e albufeiras, há excelentes casos de concessões com muito trabalho e dedicação do concessionário mas em larga escala o  mais comum é encontrámos um feudalismo hidrográfico.

Como o livre acesso a águas que deviam ser de todos e para todos está condicionado cada vez mais os rios livres vão ficando desertos de peixe, apesar que em algumas águas concessionadas o cenário não é melhor.

Acalento a esperança que um dia esta mentalidade mude, a cada um de nós compete denunciar e responsabilizar as situações ilegais mas também compete a nós cada vez mais pescarmos em consciência e com a consciência que os recursos são finitos e cada vez mais estão severamente afectados pela influência do Homem.

Quem desejar efectuar pesca com morte penso que o deverá fazer em sítios concessionados, de preferência com trutas oriundas de repovoamento, ainda há rios com populações autócnes de trutas, qual o sentido de as matar e hipotecar definitivamente um património com um valor incalculável?

A minha linha de pensamento é simples, se eu não matar mais trutas haverão nos rios, façam as contas e pensem em escala e multipliquem as vossas capturas por centenas de pescadores..

 Por norma faço a abertura ao spinning , mais tarde dedico-me em exclusividade a pescar à pluma, não sou um purista nato, a minha única obsessão é que só pesco trutas com iscos artificiais, continua a ser o meu predador preferido e também o que menos vou falando por aqui.
A simbologia  e tradições ligadas à sua pesca faz já parte do meu património humano, as viagens com familiares ou amigos são repletas de episódios que um dia à devida  distancia do tempo terão um lugar de eleição nas memórias da minha pessoa.



Para terminar não pensem que sou um fundamentalista que se coloca num pedestal a apontar o dedo a todos os pescadores que matam ou  pior ainda que pertenço aqueles que presunçosamente pensam que pescar com iscos artificias nos dá livre transito para sermos superiores a outras técnicas e outros pescadores, essa corrente de pensamento é facilmente encontrada em alguns pescadores de pluma.
 Há e deverá existir espaço para todos, o amor e o respeito a um peixe não se traduz da maneira como pescámos mas sim com estamos na pesca.
Pensamentos de clivagem completa não são saudáveis em nenhum meio, se queremos mudar alguma mentalidade é argumentando e fundamentando, olhares de soslaio nada de positivo trazem..




Divirtam-se a partir de dia 1 de Março, sozinhos, com familiares ou amigos mas preservem e para preservar não é preciso entrar em extremismos fundamentalistas, apenas é preciso ter consciência e pensar no dia de amanhã.


São poucos os pescadores que desde sempre pescaram sem morte, eu também pesquei com morte muitos anos e à outros tantos que o deixei de fazer e muito honestamente sinto-me muito melhor assim, já não consigo pescar trutas ou qualquer outra espécie de água doce de outra forma, uma foto valerá sempre muito mais que uma refeição, uma foto é eterna..

Propositadamente coloquei fotos de peixes capturados ao spinning referentes ao inico de Março do ano passado, também podem atentar que em alguns casos não é a melhor forma de manusear trutas, coloca-las no solo é nefasto a todos os níveis, não gosto de passar imagens imaculadas, preocupo-me em transmitir pensamentos e linhas por onde me norteio  o que vos posso garantir é que todas as trutas das fotos foram devolvidas e algumas ainda por lá nadam à espera que alguém as volte a capturar e a divertir-se..  


Defeso Natural?

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E como fica a teoria do defeso natural..?

Já por aqui escrevi algumas linhas sobre o defeso e a desova dos robalos, os picos da desova nas zonas que frequento ocorre entre Janeiro e Fevereiro.
 O fim de 2013 e os dois primeiros meses de 2014 foram pautados por intempéries vários, com mares muito agrestes o que praticamente não permitiu a pesca lúdica e profissional durante esse período.
É comum ouvir que essas condicionantes que mãe Natureza nos brinda de quando em vez proporciona um defeso natural na altura da desova dos robalos.

Sem qualquer fundamentação cientifica ao longo dos anos sempre fui observando que dependendo das condições do mar a desova ocorria mais cedo ou mais tarde.

Na realidade já visionei picos da desova em vários meses, provavelmente Janeiro deve ter sido o mês em que mais picos se registaram.

De rigor cientifico o que afirmo nada tem, porque a única argumentação é pouco vinculada a números e variantes , o que mais facilmente constato são as capturas de peixes ovados,  por existirem menos ou mais capturas nada me garante que estejam a ocorrer picos de desova, agora o que é indesmentível é que se em Janeiro e Fevereiro tivessem sido meses com condições de mar normais para o período em causa em Março não estariam a existir tantas capturadas de peixes ovados..

Por norma em Março é tipicamente um período de pós desova dos robalos, com capturas escassas e os peixes maiores por norma encontram-se fracos e magros.

Penso que os robalos também têm que ter reunidas algumas condições para desovar e não me parece que mares com grandes ondulações e correntes fortíssimas proporcionem o ambiente ideal..

Por isso a teoria do defeso natural nunca me convenceu, existe um defeso porque ninguém consegue pescar mas daí a garantirmos que existiu uma desova não me parece ser o cenário real.

Mediante as condições os robalos protelam a desova..

Este Março aparentemente constata isso, os primeiros mares que  eram pescáveis eu não fui pescar, continuei a divertir-me com as trutas ,que este ano, principalmente as mariscas têm dado muitas alegrias mas a saudade da maresia apertou e fui fazer umas pescas aos robalos.

No primeiro dia que fui pescar de manhã  penso que fiz o mais difícil que foi não apanhar um robalo! Vi variadíssimas capturas e soube de inúmeras, na maré da tarde e nos dias seguintes a história já foi diferente, foram dias com muito peixe, para mim e para vários pescadores, em larga escala o peixe estava ovado, algo pouco comum para  a segunda quinzena de Março.


Tenho amigos em vários locais de Portugal, na realidade de Aveiro até à Galiza o peixe apareceu em força, nuns locais mais, noutros menos como é habitual mas o factor comum era que o peixe estava ovado, ou pelo menos grande parte das capturas..

Acho mesmo que o mais difícil seria não apanhar um peixe grande nos dias que se seguiram aos três meses de intempérie que passaram, existisse mais tempo para pescar porque o peixe não faltou..

Agora sim parece-me que vamos entrar na pós desova…

Muito honestamente estas pescas não me encantam ou realizam a 100%, apanhar peixes grandes ou fazer marés engraçadas no período da desova é banal, de Abril até finais de Outubro o encanto é diferente, os peixes grandes não andam tão acardumados e a luta dos mesmos não é comparável com um peixe ovado..

Um peixe de 6 ou 7 kg ovado não é o mesmo que um peixe do mesmo peso em Agosto, pelas mais variadas razões..

Durante uns tempos vou brincar novamente com as trutas..

Boas pescas a todos 


End

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Se me questionassem qual foi o peixe que mais alegria me deu capturar eu diria:
 - O próximo

 Na vida tenho poucas certezas, uma das quais é que a morte espera por toda a gente, de quando em vez faço questão de relembrar dessa verdade irrefutável, tenho a firme certeza que o que faço na minha vida faço-o de maneira apaixonada, desde a minha vida pessoal à profissional, a paixão traz alguns erros mas quem faz algo com paixão leva uma força consigo que tem o poder de suplantar algumas limitações.

 Não sou alguém saudosista, agarrado a premissas ou estereótipos sociais, cada um é como é, como quer ser, cada um escolhe o seu caminho, o certo ou errado , a procura da felicidade ou a sua vivencia à individualidade diz respeito..
Prefiro o preto ou o branco, sim ou não, não me dou bem com os cinzentos ou os talvez, faço questão de colocar objectivos a mim próprio, viver um dia de cada vez mas sabendo que há um tempo para termos tempo e há uma altura de conseguirmos tempo entre os tempos que vamos tendo..

 Deixem-me falar da pesca..

  A pesca não é apenas apanhar peixe, além de ser um pensamento redutor é errado , é um ritual, um sentimento permanente de inquietação, os grandes pescadores que conheço são irrequietos, são pessoas de várias idades, filhos, pais, irmãos ou avôs ,mas traquinas, têm fome de conhecimento, funcionam como uma esponja a absorver vários pormenores mesmo que inicialmente aparentem não ter ligação entre eles, não tomam nada por garantido e evoluem sem esquecer o passado..

 Depois há aqueles que são os fora de serie, viram e fizeram primeiro, irrequietos igualmente, incorformados ,questionaram e voltaram a questionar, adaptaram e adaptam-se, são aqueles que inicialmente lhes disseram que estavam errados, depois disseram-lhes que a sua abordagem não era exequível para no fim se renderam e afirmarem que já se tinham lembrado dessa abordagem mas por uma razão ou outra nunca a experimentaram.

 A pesca é inquietude que nos traz paz..

 Eu não sei onde me incluirei, uma coisa sei, ser grande pescador não o serei de certeza, não assim o considero  mas a minha paixão pela pesca..essa sim  é enorme e infindável..  

Continuando:
  Durante a nossa vida ganhámos muita coisa mas perdemos outras tantas,  por norma todos nós só concretizamos o que perdemos quando já não podemos ter o que o tempo, a vida ou a morte nos levou.
 No período compreendido entre a criação deste blogue até ao dia em que escrevo este texto os mais dispares acontecimentos ocorreram na minha vida, grandes alegrias, tristezas e percas irrecuperáveis.. Continuo a ser a pessoa apaixonada pela vida que sempre fui, alguém que não faz nada por fazer.. Para uns o 8 e para outros o 80 mas sentindo sempre que o importante é não ser quadrado..

 Terminando:
 É a altura de terminar o blogue, se em tempos parei e disse que um dia mais tarde voltaria neste momento não, é chegada a altura colocar o Robalos na Alma no compartimento dele.
 Aqui já não escrevo com paixão e sem sentimento não vale a pena fazer nada.

 Não me revejo em muitas situações que vou lendo na blogosfera, não me identifico com o que vou vendo nos pesqueiros ou em conversas de vau de escada em lojas de pesca , a pesca é para ser sentida não é para ser um campo de frustrações, de interesses ou de primarismo cavernoso.

Continuar com o blogue era ser cinzento, isso não, prefiro mil vezes morrer de uma só vez que ir morrendo aos poucos e para quem ainda não se apercebeu a pesca em Portugal vai morrendo aos poucos, nas mais diferentes modalidades é só tricas e egos do tamanho da nossa costa, lobbys de importadores, patrocionios mal esclarecidos, é muita confusão para quem apenas gosta de pescar..

 A partilha em Portugal é uma utopia, na pesca usámos materiais de ultima geração mas parámos no tempo como colectivo..
 Muitos pescadores ou indivíduos que apanham peixe não querem saber de paixões ou emoções , partilha boa é só aquela que pode ter alguma contrapartida pessoal.. A malta quer é ver peixes, a monte, pendurados ou em tabuleiros, ensanguentados, querem saber de amostras que matem peixe e locais quentes, paixões é para pescadores menores, a partilha meus caros é uma utopia…
 
 Alguém que já partiu destes pesqueiros um dia disse-me:
 “São muitos a pescar mas há poucos pescadores”

Nunca mais me esqueci da frase, é actual como nunca.

 Agradeço do intimo do meu ser a todos que perderam um tempo entre tempos a ler o Robalos na Alma, aos que apoiaram, aos que construtivamente criticaram, aos que valorizaram ou depreciaram. A todos sem excepção, aprendi a fazer melhor e a nunca fazer igual..

 Sejam felizes, sejam vocês , não alinhem em tudo que parece ouro, não tentem ser uma cópia de pescador que conhecem, no máximo serão uma boa cópia mas nunca serão diferentes.. Sejam apaixonados pela pesca e pela vida são os meus votos a todos.

 Sejam felizes

 Eu continuarei a procurar o próximo objectivo, o próximo peixe...

Ano novo,vontades antigas..

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Depois de quase um ano encerrado é tempo de voltar em breve...
Citando Pessoa: " Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" e com 2015 veio a vontadede continuar a partilhar..
Muito em breve voltarei às publicações num registo um pouco diferente..
 
 





À conversa com Fernando Encarnação

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Um dos objectivos a que me tinha proposto nesta nova etapa do robalos na alma era publicar uma série de conversas com as mais diversas personalidades ligadas à pesca desportiva Nacional.

Durante os próximos tempos irei publicar várias conversas , desde a praticantes , importadores , a pessoas com responsabilidades acrescidas na pesca...... muitos temas vão passar por este espaço..Alguns consensuais, outros polémicos e outros do interesse de todos.

Fazia todo o sentido  começar este tipo de publicações com alguém que com o seu trabalho me inspirou a iniciar o Robalos na Alma, um excelente pescador e alguém que admiro por todo o altruismo que vai tendo em tempos tão complicados na pesca em Portugal, falo de Fernando Encarnação, cruzei-me com o Fernando em vários fóruns de pesca antes mesmo de ele ter iniciado o seu Blogue,o Fernando é criador do blogue  Oceanusatlanticus, um dos  primeiros blogues sobre pesca desportiva em Portugal e na minha opinião o melhor blogue sobre pesca e suas envolventes  que podemos encontrar de um bloguer Nacional,

Quem conhece o Fernando sabe a paixão que ele tem pela pesca e pela Natureza, além disso não se limitou a cruzar os braços e a afirmar que muita coisa está mal na pesca em Portugal, luta e lutou por causas do interesse de todos e pela preservação e equilíbrio com a Natureza, sem entrar em fundamentalismos exacerbados.

Antes de mais o meu agradecimento ao Fernando por ter acedido a colaborar neste projecto e às fotos cedidas para este artigo..

À Conversa com Fernando Encarnação






 Comecei a escrever na blogosfera inspirado pelo teu exemplo. Como surgiu a 

ideia de criares um blogue?


Pesco no mar desde muito cedo, inspirado pelo meu pai e as suas pescarias aos robalos e
carapaus, desde muito novo adquiri uma ligação ao mar, através da observação das
espécies que observava nas poças na baixa-mar.
A evolução como pescador faz-se ao longo da vida, estamos sempre a aprender, a
partilha com outros amigos pescadores ao longo dos anos dotou-me de algumas
características que me encaminharam para o especial interesse pelos sargos.
Na web comecei a pesquisar mais sobre a espécie e a entrar em fóruns de discussão,
onde se falava de tudo e mais alguma coisa, trocas de opiniões, algumas confusões, etc,
o normal quando muitas opiniões por vezes são distintas. Alguns fóruns foram criados,
outros cessaram, muitos perderam o interesse, e começaram a aparecer os blogs, muito
poucos.
Recordo-me que na altura que comecei a seguir o blog do António Ferreira, Maresia na
Costa e do Fernando Corvelo, o Robalos nas Ondas, achei interessante e pensei em criar
um espaço meu onde seria o responsável pelos conteúdos, onde colocaria os meus
relatos, artigos, fotografias, divulgação científica, noticias e temas variados que estão
ligados ao mar, nosso mar principalmente, e foram surgindo ideias, foram ocupadas
algumas centenas de horas no Oceanus Atlanticus, desde Junho de 1997 até agora.


Achas que a blogosfera pode ter um papel importante no panorama da pesca 

desportiva Nacional?


Sem dúvida, em varias vertentes, cito as mais importantes, sensibilização e divulgação,
através de um projeto podemos dar-lhe um cunho pessoal mais aberto ou fechado, falar
de uma modalidade, técnica, capturas, segurança, etc, depende do seu gestor, mas por
exemplo, sempre respondi aos comentários e questões que me colocaram, não devemos
passar muita informação, porque ambicionamos que existam comentários ou questões,
mas por vezes elas não aparecem o que se torna um pouco desmotivante.
Existe o outro lado que ao longo do tempo tenho observado, a proliferação de espaços
pessoais, quase aniquilou os fóruns, o crescente aumento de praticantes, e com todo
direito, decidem criar também eles o seu espaço, da sua maneira, com os temas que
entende, etc., as novas tecnologias que publicam em direto do local da captura se o
entenderem, a busca de informação a todos os níveis à distância de um “click” é de
facto extraordinária.

 Gostavas de ver mais blogues sobre pesca ou melhores blogues?


Não me compete a mim definir um espaço ou projeto, sigo alguns espaços dos quais me
identifico, dos quais me dão prazer ler relatos, ideias, ver imagens ou vídeos.
Gostas de ver muitos peixe nas ondas, mas pequenos ou grandes exemplares mesmo
poucos que sejam?!
É claro que muitos é sinal de sustentabilidade, mas os conteúdos remetem para a teoria
da evolução, só os mais fortes sobrevivem, se modificam e evoluem.

O que achas que mudou na pesca com a massificação do uso da Internet por 
pescadores e para pescadores?


A internet não estava acessível a todos, o conhecimento cientifico, os materiais de
pesca, utensílios, as marcas, evoluíram, a globalização permite-te adquirir hoje um
artificial que saiu ontem da fabrica, no outro lado do mundo, conseguires adquirir
material mais barato, conseguires informação, avançares para o DIY (do it yourself) que
esta agora na moda dos vinis e cabeçotes.
Quase tudo se sabe, depois temos de ter a capacidade de adaptar o conhecimento à
prática, e isso ainda faz confusão a muita gente, o que é certo em determinadas mãos
pode não o ser noutras…




Defendi sempre o associativismo na defesa da pesca e de muitos interesses 

instalados, sempre foste um elemento activo na defesa dos interesses dos 

pescadores e dos recursos marinhos, fazes  fizeste parte da 

ANPLED, achas que a mesma tem atingido os objectivos a que se propôs?



O Associativismo é a base da defesa de uma atividade ou modalidade. Em 2006 surgiu a
primeira legislação da pesca lúdica, mas como tem sido normal, emana-se legislação
sem conhecimento de causa e efeito e aguarda-se que a metodologia do proibir por ação
de coimas façam milagres, acompanhei alguns amigos que por carolice teimavam
(alguns ainda teimam) alterar ou repor algumas situações que a nosso entender eram
prejudiciais para os pescadores lúdicos e algumas espécies.
Como tudo fomos criticados por uns, apoiados por outros inclusive ignorados por outros
tantos, foram alguns anos a queimar tempo e alguns trocos, o que ganhamos, a sensação
de dever conseguido, o conhecimento de grandes amigos entre os quais o João Borges,
António Neves, José Nazaré, entre outros.
Mas como tudo, houve batalhas travadas, vitorias conseguidas, muitas reuniões,
algumas alterações no grupo da ANPLED, saíram uns, entraram outros, mas continua.


Como explicas que grande parte dos pescadores com quem me cruzo nos 

pesqueiros não conhece a ANPLED, tenho a ideia que o raio de acção e influência 

da mesma incide muito mais na zona sul do País, concordas?


A ANPLED é uma Associação Nacional, na sua génese ambicionava a propagação nos
denominados polos norte e sul, mas acho que até à data não foi conseguido esse
objetivo. As associações são o que os associados e pessoas para quem ela “trabalha”
querem que ela seja, se tens poucos associados num universo de milhares de pescadores,
alguma coisa não funciona, mas isso acontece também na caça submarina na APPSA
por exemplo.
O raio de ação da ANPLED funcionou mais a sul, na última direção do qual ainda fiz
parte (2º mandato como vice-presidente), existia a problemática da restrição da pesca
lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, nessa altura foi
criado um grupo de trabalho no algarve e no Alentejo Litoral.
Existia um grande descontentamento, as restrições eram muitas para residentes e não
residentes no PNSACV, que logica tinha eu como residente puder e alguém de Lisboa
ou do Porto estar limitado e ser completamente restrito? Não ser permitido pescar um
dia por semana? Existir um defeso (restrição à pesca lúdica), que ainda esta consagrado
na lei, quando não existe restrições à pesca profissional, quando a espécie não está em
risco, etc.
É necessário existir participação da Direcção e colaboradores, as matérias envolventes
carecem de muito tempo e disponibilidade, não é uma actividade remunerada, é algo
que acreditamos e trabalhamos por carolice.




 Há alguma acção que queiras divulgar sobre a ANPLED?

Tem efetuado ações de sensibilização e workshops com crianças que abraçaram a
modalidade pesca lúdica há pouco tempo. Tem participado no grupo de trabalho que
produziu também as últimas alterações à pesca lúdica.


 Como classificas a legislação que se aplica no Parque Natural do Sudoeste 

Alentejano e Costa Vicentina?


Na legislação da pesca lúdica, acho que deverá existir um enquadramento geral do
âmbito nacional. A legislação proteccionista, funciona como um contra senso, quando
comparamos a existem para o espaço terrestre e marítimo.
Deve de existir desenvolvimento, mas neste caso, PNSACV deveria ser mais o
sustentável, deveria de existir uma promoção da agricultura tradicional, das espécies
autóctones, etc. No concelho de Odemira, impera um espaço litoral de agricultura
intensiva, onde são terraplanados diariamente porções de terreno, onde são destruídos
ecossistemas confinantes dunares, onde são aplicados produtos fitossanitários, etc, a
água do perímetro de rega carregada de nutrientes contamina lençóis freáticos e numa
última fase segue o seu caminho para o mar.
No mar, não podemos (pescadores apeados) apanhar um sargo na época do defeso,
defeso para mim é a não interação entre o Homem e uma espécie por motivos vários,
acasalamento, reprodução, declínio nos stocks, contaminação, etc, prefiro utilizar o
termo restrição, os profissionais podem largar redes na borda de água e capturar
algumas centenas de sargos num lance; não podemos apanhar mais de dois quilos de
perceves, os mariscadores e pseudo mariscadores, recolhem sacas diariamente, e não
falamos apenas de marisco de tamanho adulto, existem os chamados danos colaterais no
marisco mais pequeno; ouriços são uma espécie que se alimente essencialmente de
algas, num determinado tamanho deixam de ter predadores, existem grandes
quantidades na nossa costa, mas a sua captura está limitada, quando a mesmo só tem
significado de Dezembro ate Março; não se pode andar por um trilho numa zona dunar,
alguém que adquira um terreno, pode colocar maquinaria pesada, drenar o mesmo,
terraplana-lo, veda-lo e produzir o que bem entender. Enfim…
Neste ponto tenho de mencionar o David Rosa e o seu trabalho de persistência como
Comissão de Pescadores e Populações é uma prova de como continua a existir
descontentamento, e trabalho a nível local.


 Defendes incondicionalmente que os principais culpados na diminuição de 
stocks de robalos e Sargos são os profissionais ou os desportivos também tem a sua 
cota parte de responsabilidade?


Não sou fundamentalista, vejo muitas vezes pescas industriais que fazem inveja a muita
gente, dedos apontados aos profissionais, recordo-me de ter publicado uma entrada no
blog http://oceanusatlanticus.blogspot.pt/2010/09/pequenas-grandes-pescas.html de um
artigo do meu amigo Prof. João Castro que fala na micro pesca, que me sensibilizou
para isso.
Todos temos uma parte da diminuição dos stocks, em terra, no mar e no ar, somos
responsáveis por todos os impactos que as espécies têm. A pesca Tradicional (portinhos
de pesca) e profissional (industrial) digamos que será a Macro pesca.





 Se fosses legislador quais seriam as tuas principais alterações na actual 
legislação?


Acabava com o defeso pois é um contra senso. Se fosse possível aumentava o tamanho
mínimo das espécies para mais uns quatro centímetros, parece pouco mas faria uma
grande diferença.


 Sei que estás ligado à Vega, como encaras essa ligação? 


Basicamente, a Vega fornece o mercado interno e externo com equipamento para
diversas tipologias de pesca (Spinning, Rock-Fishing, Surf-Cast, Pesca Embarcada e
Águas interiores), prático pesca lúdica e caça submarina, gosto de fazer unas registos
fotográficos de determinados ambientes, macros de espécies e jornadas, utilizo o
material que me disponibilizam e solicitam a minha humilde opinião na elaboração de
artigos de opinião.
A minha ligação à Vega já tem uns anos, é o equipamento que eu utilizo para o
desenvolvimento das minhas técnicas e jornadas que me tem dado alegrias e adrenalina.


 As marcas descobriram num passado muito recente que o melhor veículo de 
Marketing em Portugal é a Internet, achas que ainda há um grande caminho a 
percorrer neste capítulo ou que o mercado Nacional é pequeno demais para esta 
tipologia de parcerias?



Na minha humilde opinião, e no caso que tenho mais conhecimento (Mundináutica -
Vega), a ferramenta de Marketing está focada no apoio de compra ou nas escolhas finais
por influência dos lojistas, na aquisição de produtos e equipamentos de pesca.
Reconhecendo esse ponto a marca assume o compromisso, de enviar o Jornal da Pesca
(suporte papel), sem qualquer encargo para o representante da marca na loja de pesca e
aos frequentadores da mesma. Para além da página web da marca, ainda podemos
constatar a existência de três páginas na rede social Facebook com o Jornal da Pesca do
Mar, Jornal da Pesca Predadores e Jornal da Pesca Água doce. Não posso falar de algo
que desconheço, mas a politica neste caso tem sido a expansão, inicialmente ibérica,
depois europeia, posteriormente Brasil e Angola. Alguma marca que se dedique apenas
ao mercado interno ou à sua presença na internet, na grande maioria dos casos não terá
grande sucesso.


 Tenho a ideia que o pescador desportivo nacional é visto como um selvagem 
que mata tudo o que mexe, concordas?


Essa ideia provavelmente poderá ser a que se transmite para fora, a Península Ibérica
tem dessas coisas… De uma forma geral não creio que seja assim, há casos e casos, não
me compete julgar os outros, mas esse é o resultado do que transparecemos.

 Que preferes? Pescar robalos ou Sargos?


As duas espécies alvo são tão distintas, que acertas-te nas duas espécies que mais prazer
e sensações me dão, ambas as pescas para mim são anfíbias, ao sargo é normal que
passe para cima de pedras ilhadas, que desça por cordas, que esteja em locais junto à
linha de água com alguma ondulação considerável, pois a adrenalina tem de temperar
uma jornada, depois vem as sensações da procura do peixe, da colocação do engodo, da
utilização das iscas que os mesmos não vão recusar, se não estiverem no pesqueiro
poderão entrar a determinadas horas, se não apareceram já não vão aparecer, procura de
sinais na mare baixa da sua passagem pelo pesqueiro, etc.
Os robalos é aquela mágica, romper do dia, cair da noite, nunca sabemos o que nos
aguarda, horas ou minutos, nunca sabemos quando o artificial que é animado abaixo da
capa branca da oxigenação é atacado, as frações mágicas entre o ataque de um peixe a
uma artificial de superfície, as lutas, a escolha dos locais, as insistências e o combate.

 No caso dos robalos, ficaste rendido ao Spinning ou achas que há momentos 
para diferentes técnicas?


Spinning por enquanto é de eleição, mas existe momentos para outras técnicas, e
evolução, se estagnamos numa técnica ficaremos agarrados à sua limitação, depende do
que quisermos fazer, tenhamos capacidade, conhecimento e jeito para a coisa, é sempre
bom termos uns amigos que gostem destas coisas e que partilhe conhecimentos de
variantes, quem sabe se não resultando num determinado local, não funcionara noutro.
Por exemplo, um regresso ao passado tipo, mar bravo, águas oxigenadas e tons escuros,
porque não pegar numa vara Sportex, mono 0.50 no carreto, 120-150 gramas de
chumbada, estralho de braça e meia, anzol 0/4, iscado com forrado de polvo ou uma
pata e tentarmos a sorte de ferrar um bom exemplar da forma tradicional?


 Que mais te apaixona no spinning?


Pessoalmente, tenho gosto por meias mares do nascer do sol ou por do sol, o misticismo
do predador que procuramos, uma espécie nobre, o não sabermos quando vamos sentir
um ataque ao artificial que percorre a rebentação, a corrente, o substrato submerso,
estará aqui ou ali, o ataque de um peixe a uma artificial de superfície, a procura em
forma de leque, o combate até observarmos uma armadura prateada à tona de água, isto
é a essência da pesca.
A magia dos momentos da ferragem, a luta e a adrenalina que sentimos pode ser sempre
potencializada pelos locais que escolhemos, uma pedra avançada na linha de costa, na
baixa-mar, uma zona de sedimentação de areia onde pescamos com água pela cintura,
etc.


Amostras secretas ou predilectas, queres desvendar um pouco o véu?


Secretas não, predilectas, daquelas que efectuei muitas capturas foram as Saltigas 140,
Flash Minnow MR 130, Angel Kiss, actualmente, estou rendido às Smart Minnow, pelo
seu voo e performance de lançamento, capa de água que percorrem.
Como se diz por estes lados “Anzol na água é uma forca de peixe”.


 Qual o factor que mais importância dás nesta modalidade de pesca?


Existem alguns, conhecermos bem a espécie, os seus hábitos o seu ambiente e as suas
relações entre outras espécies, as condições propícias para encontrarmos o nosso alvo,
os cuidados a ter na prática da modalidade, o que não devemos fazer, etc.
Dominando minimamente estes pontos é insistir, o êxito depende da insistência e
dedicação.


Qual o robalo que mais prazer te deu capturar? Queres contar? 


Cada peixe tem uma história, deve fazer parte do nosso reconhecimento por essa nobre
espécie.
De algumas, lembro-me de um robalo de quilo e pouco que atacou uma artificial saindo
por completo fora de água (tal como o seu parente achigã), outro exemplar de quatro
quilos e meio, que no final do lançamento, após duas ou três recuperações atacou o
artificial e produziu uma investida em arco sempre forçando, ao fim de algum tempo,
consegui coloca-lo perto de mim mas sempre pelo fundo e de lado, só mesmo no final
junto a pedra é que observei a artificial completamente atravessada na boca; um outro
peixe, com uns cinco quilos foi já de noite, cercado por água numa ponta de pedra, tinha
capturado quatro exemplares entre os dois quilogramas, faço um lançamento numa zona
com meio metro de água e fundo de pedra com alguns caldeirões, ao fim de algumas
maniveladas sinto uma prisão (tipo rocha), aliviei um pouco e a rocha começou a
investir naquela pouca água, foi um espetáculo, principalmente porque a certa altura tive
de recuperar a linha manualmente rodando a bobine do carreto, pois a manivela deixou
de funcionar consegui recuperar o peixe.





 Que conselhos deixas para quem se quer iniciar nesta modalidade?


Principalmente para não colocarem a vossa integridade física em risco, um peixe (s) não
vale uma vida, para além da citação “Há mais marés do que marinheiros”.
Tentem absorver informação à cerca da espécie que pretendem capturar, perceber os
seus hábitos, avaliar locais, tentar perceber a dinâmica das zonas litorais, etc, e por
ultimo mas não menos importante, não desistam, insistam na procura que irão ser
recompensados em sensações.


 Os mais jovens serão o futuro desta modalidade, vês correntes de mudança e 
esperanças renascidas ou vamos ter mais do mesmo?


A sustentabilidade de um recurso depende da gestão ou ensinamentos que temos e
praticamos no presente e transmitimos às gerações vindouras, para que as mesmas possa
usufruir dele tal como nós usufruímos no presente.
Temo que isso possa não acontecer, pelo menos, com a frequência que fomos
habituados, e que cada vez mais se vai reduzindo em número de dias.
Seguindo este exemplo, não pratico pesca em águas interiores (talvez uma ou duas
experiencias por ano), só no mar, mas reconheço a fragilidade desses ecossistemas por
serem reduzidos em dimensão e estarem confinados a um espaço ou área reduzida, a
uma pressão de pesca, em dimensões bem diferentes, quando comparada com o mar, se
existisse exponencialmente uma pressão nesses recursos como tem existido um
acréscimo de praticantes no mar, como será?

Max Rap Long Range Minnow

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Em pleno período de desova as hipóteses de capturar bons exemplares aumentam consideravelmente, a água do mar está nos 12.5º  o ideal era que aumentasse um pouco mais, de qualquer das formas os peixes já vão dando alguns sinais da sua presença, este ano provavelmente a desova começou mais tarde devido ao prolongamento da temperatura da água do mar acima da média até ao inicio de Novembro, os robalos precisam de sinais para iniciar os seus ciclos e penso que a temperatura da água será um desses sinais ou catalisadores.

Em semana de lua cheia penso que o mar recompensará os que por lá passarem, a ver vamos se o vento dará tréguas, ses profissionais não conseguirem armadilhar todas  as entradas de caneiros algumas boas surpresas poderão aparecer..

Infelizmente na zona que pesco as águas ficam facilmente tapadas sendo que as tradicionais zagaias continuam a ser rainhas com esses tipos de águas e peixes mais posicionados em capas de água mais profundas.

Felizmente ou infelizmente vou experimentado as novidades que o mercado vai lançando, muito mais do mesmo, alguns flops e algumas amostras interessantes, a surpresa dos ultimos tempos foi a Max Rap Long Range Minnow, para quem como eu não é adepto de amostras sobre dimensionadas esta amostra deixava-me com curiosidade, na realidade o seu tamanho para mim é o mais polivalente na pesca aos robalos, prefiro sem duvida amostras até aos 14 cm de comprimento, acima disso só para situações mais especificas e quando quero lançamentos olimpicos. Sendo uma Slow Sinking pensei que os lançamentos fossem interessantes mas na realidade surpreenderam-me pela positiva, saem sempre bem direccionados mesmo em situações de vento não faz o típico helicóptero.

Com um Wobbling aberto as suas potencialidades são revelados com Jerkings rápidos , ainda não capturei nenhum peixe de noite com ela , na realidade também ainda não tive as águas limpas o suficiente para praticar spinning com eficácia suficiente.

A cor que mais peixes me deu foi a FPCO principalmente ao cair do dia ao contrário da FMU que ainda não fez um peixe e que na versaõ max rap 15 tantas alegrias já me deu.. Coincidencias? Não sei, quem sabe..

Só realço os triplos com que as mesmas vem equipados, odeio anzois negros para usar em água salgada, troquei os triplos das amostras todas e aconselho vivamente a fazerem o mesmo




Deixo a foto de um peixe da semana passada da ultima quebra de mar, o mesmo foi capturado com a cor FPCO.





Penso que nos próximos dias os robalos vão dar alegrias a alguns , vençam o frio porque eles vão aparecer..
Esperemos...




Pescar trutas na Patagónia Chilena

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Uma realidade bem distante da nossa....
Sete dias de alojamento e guia a partir de 7000 dólares , numa escala à nossa realidade e dos nossos ecossistemas pode ser que um dia o Estado veja o dinheiro que anda a perder ao não gerir eficazmente  as nossas massas de água, vale a pena ver e ouvir, gostei da parte em que  o guia a diz que as trutas são tão selvagens que atacam moscas com os terminais a dragar água...


À conversa com José Barbosa

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Começa a contagem decrescente para o levantamento do defeso da pesca à truta em Portugal, a partir do próximo dia 1 de Março  milhares de pescadores nacionais vão calcorrear as margens  de rios e ribeiras à procura desse peixe que desperta emoções fortes difíceis de esquecer , dificuldade será mesmo não ficarmos viciados para o resto nas nossas vidas..

Revela-se para mim importante divulgar acções , pensamentos e correntes de opinião de quem para mim tem estado na linha da frente na preservação desta magnifica espécie considerada por muitos a rainha dos nossos cursos de água que sucalcam a paisagem do Centro e Norte de Portugal... Hoje publico uma conversa com José Barbosa, um aficionado e excelente pescador de trutas ,  plumista inveterado e  pescador sem morte assumido convicto dos seus ideais que não se limitou a cruzar os braços e a assistir ao declínio da população truteira. Conhecedor de outras realidade é  actual secretário da direcção da Associação Recreativa de Pesca de Canedo e Louredo entidade responsável pela concessão de pesca no rio Inha José Barbosa é  igualmente um dos dinamizadores e responsáveis da actual concessão do Inha.

 Em minha opinião nunca se viveram tempos tão importantes como os actuais no que concerne à pesca à truta, o que agora for feito pode ser a linha que separará a preservação desta espécie autóctone  ou o desaparecimento total das populações selvagens.
O meu sincero agradecimento ao José pela disponibilidade em aceder ao meu pedido e a todas as fotografias cedidas para este post, penso que esta conversa será do interesse de muitos, ou pelo menos daqueles que verdadeiramente são apaixonados pela pesca às trutas:



Comecemos pelo início, de onde surgiu essa paixão pela pesca às trutas?


A minha paixão pelas trutas está intimamente ligada a um curso de água, o rio Uíma. O meu avô materno explorava uma unidade fabril nas margens do mesmo e eu, em criança, fui entregue aos cuidados dos meus avós maternos devido ao facto de os meus pais terem emigrado para França. Assim, muito cedo comecei a percorrer as margens desse rio, observando sempre com muita curiosidade os peixes que por lá andavam. Ouvia falar das trutas mas para mim tudo eram peixes, não distinguia uns de outros. Mas também ainda não pescava. Mais tarde, por volta dos dez anos de idade, já estava autorizado a pescar, num local onde pudesse ser observado pelo meu avô ou por um dos meus tios. Pescava à bóia, com uma cana muito velha pertença do meu tio Zé, utilizando pedacinhos de pão que amassava entre os dedos, moscas que capturava, eventualmente um grilo ou um gafanhoto. E lá ia capturando umas bogas, escalos e outros pequenos peixes ciprinídeos. Os peixes capturados eram colocados num regador de cor laranja, e depois eram devolvidos à água. Aos 11 anos capturei um peixe que era muito maior que os outros. Chamei o meu tio Augusto numa das ocasiões em que ele vinha observar se estava tudo bem e disse que tinha apanhado um peixe enorme com pintas pretas e vermelhas. Convenhamos que para um miúdo de 11 anos, um peixe com cerca de 30 cm é um monstro! O meu tio lá veio ver e disse: isto é uma truta! Foi o momento que considero o início desta paixão que, literalmente, me devora. Mas não foi de imediato que comecei a dedicar-me à pesca à truta. Não tinha os meios nem o dinheiro para adquirir o equipamento. Mas fazia muitas incursões, pelas margens do rio, escondido entre a vegetação, apenas para observar as trutas, a alimentarem-se, a reproduzirem-se. Ainda hoje faço isto, sobretudo durante o defeso.
Com o decorrer dos anos, fiz bastantes pescarias às taínhas, no Douro, antes da activação da barragem de Crestuma-Lever, e aos barbos. Depois, fui fazendo umas pescarias na nova albufeira, aos achigãs, às carpas e outros ciprinídeos. No entanto, era a truta que me movia cada vez mais e acabei por relegar as outras espécies para as ocasiões em que não podia pescar à truta.
Hoje, com 43 anos, não consigo explicar este ardor que todos os anos me consome!!
É algo que se sente, é um apelo contra o qual não consigo, nem tento sequer, lutar!


 Sei que és um elemento activo e muito participativo no projecto que engloba a concessão do rio Inha, como surge o projecto e o teu envolvimento?

O rio Inha é outro dos vários rios que marca a minha profunda ligação com a truta, mas de uma forma diferente.
Quando adolescente, pescava o Inha quando algum dos meus tios me levava, pois o elemento “distância” obrigava-me a estar dependente de outros.
Durante os primeiros anos do corrente século, já não dependendo dos outros, fazia as minhas incursões pelo Inha com mais regularidade, sobretudo na recta final da época, pelas condições mais adequadas à prática da pesca à pluma.
Em 2009 foi criada a concessão, mas por esta altura estava eu algo afastado deste rio, por razões diversas.
Em 2011 tomo contacto com a associação gestora da concessão, faço-me associado e acabo por sentir alguma frustração.
No início da época largavam umas trutas, que eram logo capturadas sem apelo nem agravo e depois era o pessoal que as tinham levado para casa a reclamar que não havia trutas.
Sendo interventivo por natureza, não tardei a manifestar a minha perspectiva contrária às largadas de trutas e a tentar transmitir uma opinião de que a associação deveria direcionar os esforços para a preservação das trutas, mais do que para a vertente “vender licenças para os homens do cesto de vime”.
Como era de esperar, foram muitos os anticorpos que tive pela frente mas, com mais ou menos afirmação da minha paixão, lá fui transmitindo a minha opinião e perspectiva e gradualmente as pessoas começaram a dar-me ouvidos.
A par do meu “discurso” tive sempre o cuidado de mostrar o que é a pesca sem morte e que a praticava efectivamente.
Uma truta é muito mais bonita de se ver na seu meio natural do que num prato!
Embora não pertencesse aos órgãos da associação, em 2012 já intervinha nas assembleias de associados, fazendo sempre questão de incentivar uma mudança de pensamento e de atitude na gestão da concessão.
Vivi momentos de alguma tensão, mas também começaram a surgir os apoiantes da mudança de mentalidades e assim chego, em 2013 à posição de Secretário da Direcção, com a condição sine que non de que a minha intervenção na associação só duraria numa perspectiva de que, não haveria mais largadas de trutas e de que não haveria mais pesca com morte. Fui claro desde o início!
Como a ideia era nova, nessa época um dos lotes (o menos frequentado) ainda ficou em regime de pesca com morte (não obrigatório obviamente!) e em 2014 toda a extensão da concessão transitou para o regime de pesca sem morte.
Mas a intervenção na associação não se resume a este aspecto, já que temos vindo a tentar perceber, época após época, os movimentos dos peixes, para tentar criar condições que permitam uma maior estabilidade dos peixes e menos migração dos efectivos nos meses em que o caudal do rio é baixo.
Como o Inverno de 2013/2014 foi extremamente chuvoso, a intervenção ficou comprometida e foi recentemente no início do Outono de 2014 que procedemos a alguma limpeza de detritos, terras e areias acumulados nalgumas zonas do rio e à colocação de pedras para criar mais postos de caça / esconderijo para as trutas.
Vamos agora tentar perceber até que ponto estas pequenas intervenções foram favoráveis, para depois, continuar o trabalho.


Queres contar mais pormenores sobre a concessão? A pesca sem morte parece ganhar um factor preponderante  e diferenciador na mesma…

Sim, como já disse, a pesca sem morte acaba por ser “a menina dos nossos olhos”. Embora me considere, sem falsas modéstias, um dos motores da pesca sem morte, neste momento a perspectiva já quase alcançou as suas letras de nobreza entre os associados.
Não estamos a travar “uma cruzada” contra a pesca com morte, mas sim a começar a transmitir a ideia de que uma concessãoo de pesca onde as trutas são a espécie predominante é muito mais interessante e apelativa, a vários níveis, se for auto-sustentável do que uma concessãoo onde o único objectivo é apanhar trutas para o cesto.
De uma ideia filosófica (para  muitos) a pesca sem morte está a transformar-se num elemento que nos distingue pois mesmo os não pescadores, quando contactam com esta realidade, embora achem de início a ideia “esquisita”, acabam por entender os nossos propósitos e perceber que um pescador não é forçosamente um matador e pode tirar proveito da Natureza e dos recursos destas sem ter de destruir o que quer que seja.


 Que acções mais destacas na gestão da concessão?

Além de tentarmos melhorar, progressivamente, época após época, as condições para as populações de trutas, queremos com isso também fazer com que os pescadores que frequentem a concessãoo se sintam num espaço convidativo, interessante e que coloque os seus dotes à prova.
Não é fácil, pois as pessoas envolvidas neste projecto fazem-no por carolice e os apoios das entidades públicas são muito residuais.
Isto sem contar que existem sempre vários aspectos sobre os quais não temos meios de controlo, tais como os actos de furtivismo que ainda vão acontecendo e alguma poluição.
Neste momento estamos conscientes de que a concessão actual é exígua para os nossos objectivos, mormente o de preservar as trutas e impedir que a ganância de certos pescadores extermine as populações de certos sectores do rio.
Por isso, um dos nossos principais objectivos passa por aumentar a área concessionada – por um lado para aumentar a área de salvaguarda das trutas graças à pesca sem morte e por outro lado para permitir que os pescadores disponham de uma área superior e diversificada onde desafiar as pintonas.
Outro dos nossos objectivos está relacionado com os jovens (e menos jovens que o queiram), através de encontros ou workshops destinados a divulgar a nossa actividade, os nossos propósitos mas acima de tudo transmitir aos pescadores e não pescadores a ideia de que a pesca nas águas interiores, como passatempo sustentável, exige o respeito pela vida aquática em geral e dos peixes em particular.


 Fizeram repovoamentos ou contam com efectivos autocnes do rio para aumentar a população?

Antes de eu ter passado a integrar a Direcção, sei que foram feitas repovoamentos, mas sem expressão útil já que as trutas eram logo capturadas nos primeiros dias de pesca e, claro, iam para ao fundo do cesto de vime.
Face a esta situação, o actual Presidente (mas antes da minha chegada) chegou a fazer um repovoamento com ovos em caixas tipo Vibert.
Com a minha chegada e por decisão consensual da Direcção, não mais serão feitos quaisquer repovoamentos.
Esta hipótese só poderá ser ponderada em casos extremos, por exemplo em caso de poluiçãoo severa ou outra causa que ponha em risco grave a população de trutas.
Contamos pois com os efectivos autóctones para aumentar a população, o que aliás temos já constatado nas duas últimas épocas por simples observaçãoo visual. Mas isto não quer dizer que as trutas sejam mais fáceis, pelo contrário!!


 Como encararam os ribeirinhos a concessão do Inha?

Eu penso que as reacções das populações ribeirinhas devem ser um pouco similares por todo o lado, com aqueles que são a favor e os que são contra.
Neste caso concreto, através dos documentos consultados na associação, e pelos contactos com o actual Presidente, fiquei a saber que o projecto inicial para a concessãoo abrangia uma área muito mais extensa. Pelo facto de tal extensão abranger mais do que uma freguesia, foi chumbada pois várias oposições manifestadas.
Actualmente ainda existem algumas pessoas que declaram a sua contrariedade em relação à existência da concessãoo, mas com calma e paciência, não temos tido grandes tumultos e penso que iremos conseguir prosseguir com o actual projecto.

Problemas com furtivismo na concessão, tem existido?

Infelizmente sim, dentro e fora da concessão.
Existe em primeiro lugar um grupinho de dois ou três pescadores que acham que uma concessãoo é sinónimo de peixe fácil e de cesto cheio e muitas das vezes, são esses os principais prevaricadores, que montam o material e percorrem as margens da concessão como quem vai em direcção à zona livre e, mal vêem que ninguém está a vigiar, lançam a linha e o que capturam metem ao cesto e dizem que foi na zona livre – tudo sem sequer obterem uma licença para pescar dentro da concessão.
Mas pior do que isso são esses mesmos sujeitos que, por vezes, vão para o rio ao cair da tarde e já com o anoitecer, entram na concessão para colocar fateixas com isco que depois vão recolher na madrugada do dia seguinte.
A reduzida dimensãoo da concessãoo e da nossa associaçãoo não permite a existência de um posto permanente de vigilante ou guarda do rio. Somos nós quem, dentro das limitações de tempo e meios de cada um, vai tentando exercer alguma vigilância.
Quando detectamos algum caso em flagrante, apelamos às autoridades, as quais, com a limitações que são conhecidas do grande público, procuram acorrer ao local para tomar conta das ocorrências.



Há queixas transversais na comunidade de pescadores de trutas sobre a gestão de concessões, há queixas de pescadores que praticam pesca sem morte e com, de quem é a culpa, do estado ou dos concessionários?

Na minha opinião, a culpa é de ambas as partes.
Para mim, a criação das concessões foi uma forma de o Estado se desresponsabilizar da gestão dos meios aquáticos – afinal é tão fácil sacudir a água do capote!
Mas esta atitude do Estado, sempre na minha óptica, foi uma valente bofetada de luva branca aos pescadores!
“Com que então, vocês pescadores, dizem que não sabemos gerir os rios e os recursos aquáticos? Tudo bem, então passem vocês a gerir esses recursos e vejamos o que vai acontecer!”
E o que é que temos visto, não apenas na pesca, mas também na caça?!?! O descalabro total!!
Constitui-se um clube de amigos, pede-se um alvará para uma concessãoo e já está!!
Alguns nem placas colocam nas concessões, como ainda esta época tive oportunidade de verificar numa concessão aqui na zona Norte.
E o que temos assistido, salvo raras excepções, é a concessões que não representam qualquer interesse para os pescadores desportivos.
Nalgumas fazem umas largadas, enchem as arcas de trutas nas primeiras semanas da época, para justificar o dinheiro gasto e depois, no resto da época, não deixam ninguém pescar por já não haver trutas ou então deixam algumas pessoas fazer mais de 100 kms de deslocação para pescar num troço sem morte onde nem uma única truta se vê!
Foi uma forma indirecta de o Estado se desresponsabilizar e chamar, com razão, incompetentes a muitos pescadores!
Ouço frequentemente, sobretudo nas zonas livres, queixumes do género “Ah, não há fiscalização!!”
Também já fiz esse tipo de queixa, mas afinal, o que é que os pescadores querem? Que o Estado disponibilize meios para um sector onde uma licença de pesca anual e para todo o território custa uns míseros 6 euros?!?!
Vivemos numa época em que, bem ou mal, quem quer as coisas tem de as pagar!
E não digam que isso iria impedir os pobres de pescar! Era fácil: como em muitas coisas na sociedade, era questão de instituir licenças com custos mais baixos para quem realmente não tivesse condições monetárias.
O que eu não tolero é os queixumes dos pescadores que reclamam, reclamam e continuam a reclamar. Quando é preciso deitar as mãos ao trabalho, nunca estão disponíveis para isso! Mas mal ouvem que em tal rio há umas trutas, têm o tempo todo do mundo para irem lá tentar fazer um brilharete, para encher o ego e se gabar perante os amigos! E com isso deixar o rio mais “pobre”!


 Uma das principais queixas é a enorme dificuldade que os pescadores que se deslocam de longe e querem visitar uma concessão é a enorme dificuldade que têm em conseguir a licença para as concessões, é uma realidade, eu próprio já a vivi, como vês este tema no futuro?

Eu próprio já vivi essa dificuldade a pelo menos dois níveis distintos.
Num primeiro caso, não conseguia a licença precisamente porque só poderia ser obtida num dia e hora específicos da semana e isso ficava a uns módicos 70 kms da minha residência!
Num segundo caso, passei três épocas a ligar para o Presidente (pois não tinha nenhum lugar físico onde me deslocar para obter a licença!) para tentar uma licença para pescar num determinado ribeiro e era-me sempre dito que a pesca estava fechada para repovoamento – o que eu sabia não ser verdade!!
Na verdade, eram os pescadores ribeirinhos que não viam com bons olhos que forasteiros viessem pescar “as trutas deles”.
Com muita paciência (três épocas!) lá fui dizendo que pesco sem morte e que não me importava que alguém viesse comigo para confirmar que não matava nem uma truta.
Em 2014, e acho que a minha paciência neste caso foi o elemento fundamental, lá me foi concedida uma licença para pescar!!
Na nossa associação temos vindo a pensar nessa questão e para esta época que se avizinha, além do contacto telemóvel comigo ou com o Presidente, vamos implementar a possibilidade de pedido de licença por email. Recebido o pedido, verificamos se para o dia pretendido existe disponibilidade de licença e remetemos a resposta em consequência, com as indicações do local onde pode ser levantada e paga a licença de acordo com as necessidades e disponibilidades de cada pescador.
De uma forma global, entendo que a evolução dos meios tecnológicos, quer no que toca às diversas formas de contacto, quer no que concerne à forma de emissãoo das licenças, deveria evoluir, o que seria benéfico não apenas para os pescadores mas também para as próprias associações.
Nos tempos que correm, a distãncia física não deveria constituir um impedimento ou um qualquer entrave na obtençãoo das licenças de pesca desportiva para as concessões.


As concessões são uma necessidade ou um mal menor?

As concessões não deveriam ser uma necessidade!
A constante e repetitiva demissão do Estado em exercer as suas funções acaba por fazer das concessões um mal menor.
E serve de desculpa para o Estado dizer: então vocês não são capazes de gerir os vossos próprios interesses?!?!
Esta demissão do Estado não ocorre apenas em Portugal, ocorre de uma forma geral um pouco por todo o lado, em que a gestão da pesca é entregue a associações e clubes de pesca locais sob a tutela desse mesmo Estado desinteressado!
Perante este estado das coisas, a mim cumpre-me dizer: Srs. Pescadores, o que querem? Esperar que as coisas aconteçam ou deitar as mãos ao trabalho?!
Prefiro claramente esta segunda alternativa, que é a seguida em locais que para mim são uma referência, como os Pirinéus franceses!!


A pesca sem morte, uma obrigação moral, uma necessidade ou um fetiche desnecessário?

A pesca sem morte não é nem pode ser encarada como um fetiche desnecessário.
É sim uma tomada de consciência moral, perante a Natureza e perante a necessidade de preservação dos recursos naturais que felizmente ainda existem nalguns locais.
A pesca, ao invés de outras actividades, como por exemplo a caça, tem essa enorme vantagem de permitir a repetição do gesto, do momento em que o pescador exerce a sua actividade favorita.
Acresce que, está mais do que ultrapassada a época em que o exercício da pesca era uma prática destinada a contribuir para a alimentaçãoo do agregado familiar.
A pesca tem uma vertente essencialmente desportiva e como tal, a pesca sem morte faz todo o sentido e não deveria chocar as mentes minimamente esclarecidas.
Eu gosto de lembrar a muitas pessoas que a pesca sem morte é praticada sobretudo por pescadores de espécies consideradas “menos nobres”, como é o caso da carpa e de muitos ciprinídeos, o que não seria de compreender já que são espécies que abundam!!!
Não vejo ninguém a escandalizar-se por esses pescadores praticarem a pesca sem morte, uma prática quase sagrada onde gastam quantias apreciáveis em acessórios para manipular o peixe nas melhores condições e inclusive vejo carpistas a deitar produtos anti-infecções na zona picada pelo anzol!
Mas quando se trata de preservar a truta e impedir a pesca com morte, parece que de repente esses pescadores têm em casa os filhos a morrer à fome e todas as trutas devem ser sacrificadas para saciar essa carência!!!


Que principais alterações introduzias na actual legislação que rege a pesca aos salmonídeos?

Nunca me debrucei com a necessária atenção sobre tal questão pois, sinceramente, custa-me a crer que alguém, nos Governos que se vão sucedendo, tenha a verdadeira vontade de impulsionar este sector, começando por introduzir regras efectivas e duradouras de preservaçãoo dos recursos existentes.
Mas há aspectos que a meu ver são fundamentais e carecem de alteração pela via legislativa, sobretudo no que concerne ao regime livre.
Desde logo, reduzir o número de dias em que se pode pescar – não faz sentido que, não havendo limites no que concerne à possibilidade de capturas que cada pescador pode fazer, se continue a permitir a pesca todos os dias da semana.
Não sendo possível a generalização da pesca sem morte, impõe-se igualmente estabelecer um limite de capturas rígido, quer por dia de pesca, por pescador e por época com a obrigatoriedade de cada pescador fazer um relatório da sua actividade sob pena de na época seguinte não lhe ser permitido exercer o acto de pesca.
Estabelecer um tamanho mínimo diferente do actual. Parece-me que no contexto presente, é ridículo que, por um lado, o tamanho mínimo de captura seja de apenas 19 cm e que, por outro lado, este tamanho seja aplicável a todos os cursos de água salmonídeos. Deveria ser feito um levantamento minimamente rigoroso da idade/tamanho em que as trutas, consoante as regiões, atingem a maturidade e depois, munidos desses dados, estabelecer um limite de captura bem acima dessa fasquia de maturidade, de forma a permitir que uma truta tenha pelo menos duas a três épocas durante as quais se possa reproduzir.
Estabelecer zonas de pesca sem morte mesmo no regime livre – penso que, se é certo que não se deve radicalizar o estado das coisas de um momento para o outro, também não podemos fechar os olhos e não criar várias medidas de salvaguarda das trutas, mesmo no regime livre. As entidades ligadas à pesca e todos os organismos devem ter a consciência de que se trata de uma medida que se impõe.
Criar dois tipos de licenças para quem pretende pescar os cursos de água salmonídeos e os demais cursos de água. Trata-se de uma medida simples que há muito deveria ter sido tomada e que, muito comodamente, nenhuma entidade assume como necessária. Para aqueles que reclamam mais vigilância por parte do Estado, têm de estar dispostos a pagar o preço. Não pode o pescador tradicional pretende pescar uma espécie que cada vez escasseia mais em determinadas zonas do país, que cada vez mais sofre com as alterações climáticas e com a pressão de pesca, já para não falar do furtivismo e de poluições que ainda vão ocorrendo, ao mesmo preço de quem pesca pequenos ciprinídeos numa qualquer albufeira de barragem, onde ainda por cima a vigilância é muito mais facilitada.
Criar a figura do pescador-vigilante, em que um pescador, formado e credenciado para tal, pudesse exercer a fiscalização. Um pouco à imagem dos antigos guarda-rios, sou defensor de que deveria ser criada na nossa legislação a figura do cidadão cuja idoneidade e conhecimentos fossem reconhecidos pelo Estado e este lhe conferisse poderes de fiscalização. Não pretendo com isto criar “novos polícias” mas sim criar novos elos de ligação entre as necessidades que se sentem no terreno e os órgãos de polícia, estes sim dotados da autoridade estatal. Não tenho dúvidas de que, a existência destes pescadores-vigilantes iria contribuir em muito para refrear os ânimos dos pescadores furtivos e dos pescadores menos escrupulosos. A simples possibilidade de a qualquer momento dar de caras com alguém que levantaria um auto e serviria como elemento de testemunho e prova fundamental num processo de contraordenação, iria com certeza dissuadir muitos meliantes.
Por fim, entendo que a moldura punitiva em vigor nesta matéria de furtivismo de pesca e violação das leis da pesca é demasiado branda. Deveria todo o quadro normativo ser revisto de maneira a que as coimas e sanções aplicáveis tivessem um caracter mais efectivo e dissuasor.
Mas estas são apenas algumas ideias, que naturalmente considero imperfeitas mas que poderiam servir de ponto de partida para uma discussão séria e objectiva no quadro actual de tudo o que é relacionado com a pesca da truta em particular.

Nos últimos anos parece que há uma ténue tomada de consciência na necessidade da pesca sem morte, concordas ou tem uma expressão tão reduzida que pouco impacto tem?

Concordo. É uma realidade, embora ainda muito tímida quando comparada com o estado dos nossos cursos de água salmonídeos.
Apesar disso, o impacto positivo nota-se claramente nos locais que são frequentados por pescadores sem morte.
Digo isto com base na minha experiência e por referência aos cursos de água que frequento mais assiduamente.
Mesmo em zonas livres, tenho verificado que, se os pescadores que frequentam esses locais forem maioritariamente pescadores sem morte, as populações de trutas são mais significativas, quer em número quer em qualidade dos exemplares.
Posso dar como exemplo, em sentido contrário, o rio Uíma. Pese embora a minha profunda ligação a este curso de água, já só o frequento por tradição e saudade. É um rio completamente devastado pelos homens do cesto de vime!! Além de não pouparem nada, ainda se permitem a utilização de métodos ilegais, tais como o uso do asticot como isco e inclusive pesca durante o defeso! Resultado, vai tudo!! Sou dos poucos pescadores sem morte que ainda vai a esse rio. É um desalento total! Isso não significa que não existam por lá umas trutas selvagens, pois há sempre algumas que escapam. Mas tenho o cuidado de não dar muito nas vistas quando lá vou, tanto mais que os homens do cesto conhecem-me e sabem que eu não pesco nos locais onde já não há nada e por isso muitas das vezes nem pesco para não verem onde sei que ainda há trutas.


 Os defensores da pesca sem morte muitas das vezes são acusados de fundamentalistas, achas que é uma falsa adjectivação de quem quer continuar a pescar com morte ou existe mesmo essa clivagem?

Eu diria que é um facto, mas um facto positivo.
Vejamos. Os defensores da pesca com morte dizem constantemente que é um direito levar um peixe para casa e fazem-no mesmo que esse peixe seja o último peixe que ainda nada no rio em questão.
Como tal, se é certo que os pescadores sem morte possam ser vistos como algo fundamentalistas, não o estão a ser mais nem menos do que os que entendem que existe um direito à “pesca com morte”.
Aceitaria que um pescador com morte me chamasse de fundamentalista se visse no comportamento do mesmo uma tomada de consciência de que não se pode pescar à exaustão até ao último peixe. Mas não é isso que vejo.
Assim, o fundamentalismo que pode parecer afectar os pescadores sem morte é um fundamentalismo saudável, que surge precisamente em contraponto ao exagero e às matanças a que, infelizmente, ainda hoje assistimos.


A pesca à pluma é o expoente máximo na pesca às trutas , no entanto sempre denunciei o facto de grande parte dos praticantes olharem para os demais praticantes de outras técnicas com sobranceirismo, é uma falsa questão ou uma realidade?

Não deveria ser, mas é uma realidade.
Na pesca, seja qual for a técnica empregue, deve imperar o respeito mútuo entre pescadores e o respeito para com a espécie que estamos a pescar.
É certo que, determinadas técnicas de pesca são, por si só, muito mais perigosas, já que põe gravemente em causa a possibilidade de sobrevivência do peixe e como tal, entendo que devem ser criadas restrições a tais técnicas.
Não o faço com snobismo, mas sim por mera necessidade de proteger a fauna piscícola.
Mas como dizia acima, é verdade que existe aquela atitude de alguma superioridade por parte de alguns dos praticantes da pesca à pluma em relação às demais técnicas.
Sem querer desculpar ninguém ou culpar quem quer que seja, também tenho notado, em muitos praticantes das outras modalidades, uma atitude negativa, do tipo “Olha lá vêm os filósofos”, os “que têm a mania que são bons” e outras coisas que tal.
E depois há os praticantes das outras técnicas que simplesmente param de pescar para admirar um plumista a pescar, já vivi essa experiências várias vezes.
No fundo, há um pouco de tudo e como dizia, o respeito deverá vir de ambas as partes.


 Como vês o futuro da pesca à truta em Portugal?

Muito sinceramente, se continuar a seguir o caminho que tem seguido, temo que a curto ou médio prazo iremos perder mais alguns dos grandes bastiões da truta no nosso país.
De facto, tomando como ponto de partida a minha experiência pessoal, verifico que, seja a nível privado seja a nível estatal, não está a ser feito o que seria necessário para proteger esta nobre espécie que é a truta.
Ainda não existe coragem, por parte das entidades estatais, para, de uma vez por todas, ser repensado todo o universo da pesca aos salmonídeos – basta vermos o que tem acontecido aos salmões e às trutas mariscas, continuam a ser fortemente dizimados não havendo qualquer regra destinada à sua efectiva protecção.
Os resultados são os que se vêm: populações cada vez mais pobres de época para época.
Quanto à truta comum e salvo raras excepções onde já existe da parte de entidades privadas, um verdadeiro interesse em querer proteger a espécie, sem com isso impedir os pescadores de praticarem o seu passatempo favorito, nada de novo se vai vendo.
Temo que se perca demasiado tempo em palestras e conferências que se vão fazendo aqui e ali mas depois, ver as pessoas arregaçar as mangas e a trabalhar em concreto, já não se vê.
No entanto, os queixumes são uma constante e sempre no mesmo sentido: não há trutas, o Estado não faz repovoamentos, etc etc.
E eu pergunto: mas os pescadores querem pescar trutas selvagens, afrontar o desafio que é enganar uma pintona autóctone, ou querem é encher a arca, com o mínimo custo e de forma fácil?! Infelizmente, esta segunda hipótese é a que tenho visto com demasiada frequência.
Também com base na minha experiência, tenho verificado que ainda existem alguns redutos com uma excelente população de trutas selvagens. Onde? Em locais onde é custoso aceder e que exigem muito esforço físico para lá chegar, pois aí os prevaricadores e furtivos vão muito raramente devido à dificuldade de lá chegar e no final a recompensa acaba por não ser assim tão óbvia já que nesses locais as trutas não são assim tão fáceis como se possa imaginar.
Já li e já ouvi por muitas vezes que as mentalidades não se mudam facilmente e que é preciso várias gerações para isso.
É uma afirmação que não é totalmente correcta, do meu ponto de vista. Quando é necessário – e a protecção das populações de trutas autóctones é uma necessidade! – as pessoas devem agir, nem que seja através da Lei e impor o respeito das regras!
Agora, cruzar os braços e assobiar para o lado como se tudo fosse uma fatalidade, é algo que a mim não me convence.


A pesca de competição tem um papel importante no desenvolvimento da modalidade, concordas ou é apenas teoria que não se vê na prática?

Não concordo nem discordo.
De facto, em muitas modalidades, a competição permite por vezes colocar uma determinada actividade “no mapa”.
Permite chamar a atenção do grande público para um desporto ou outra actividade de descontracção e saudável.
No entanto, a pesca de competição enferma em si mesma de um grave defeito que faz com que se transmita uma ideia errada do que é a pesca lazer.
Naturalmente, trata-se apenas da minha opinião e não pretendo com estas minhas palavras afectar ninguém.
A competição está, necessariamente, ligada ao sucesso do que está a ser feito, isto é, ao número, à conquista de pontos.
No futebol, ganha quem marca mais golos e não quem joga mais bonito.
No basquetebol ganha quem encesta mais vezes a bola, e não forçosamente quem joga melhor.
No atletismo, ganha quem for o mais rápido a chegar à meta e por aí fora.
E isto sucede com a pesca de competição, como em todas as modalidades desportivas. Para se ser vencedor, a única condição é fazer mais pontos que o adversário.
Por esta razão, ao pescador em competição o que interessa: capturar muitos peixes, no mais curto espaço de tempo e para isso na pesca à pluma em competição praticamente só vemos pesca à ninfa, com canas que saem do padrão comum e com uma forma de pescar onde muitas das vezes o lançamento clássico nem é executado.
Não estou com isto a tentar denegrir quem quer que seja, mas para mim, a pesca à pluma é muito mais do que isso!
É contemplação, é observação do que se passa. É esperar o tempo que for necessário para que a truta esteja a comer em confiança. É saborear o momento sem correrias pelo leito do rio fora.
Além do mais, a competição acaba por transmitir ao público uma ideia errada do que é a pesca à pluma pois o que o público vê e quer é capturas, muitas trutas, muito peixe a ser contabilizado para o pescador em causa.
E depois vemos principiantes na pesca à pluma a fazer referência ao competidor tal e tal como se a pesca à pluma se resumisse a manear um conjunto de ninfas pelo fundo do rio com uma cana de 11 pés. O principiante vem ávido de capturas, o que para mim distorce e desvirtua a pesca à pluma na sua essência mais pura.
Também pesco à ninfa, também utilizo por vezes e quando não tenho alternativas, métodos próximos dos da competição.
Mas neste sentido e penso que perceberam as minhas palavras, não considero a pesca de competição como a melhor forma de transmitir, quer a principiantes quer ao público em geral, a filosofia e a essência da pesca à pluma.

 Conheces outras realidades no estrangeiro, em Portugal lá chegaremos ou achas que ainda estamos noutro planeta e realidade distinta?

É arriscado alguém afirmar que iremos chegar ou não a determinadas realidades, desde logo porque as realidades mudam, mesmo nos países onde a filosofia ligada à pesca já leva algum avanço sobre nós.
A evolução dos tempos, das técnicas, dos materiais empregues, faz com que a mutação é uma constante e por isso, na minha opinião, deveríamos também saber, por um lado, ver o que de bom e mau se faz noutros países para tentar implementar o que é bom.
Mas deveríamos também, saber adaptar esses conhecimentos às nossas realidades e necessidades, para não sermos uns meros imitadores e muitas das vezes já com atraso.
Estou confiante de que, embora muito lentamente, as mentalidades começam a mudar no nosso país e penso que, com maior ou menor dificuldade, muitas coisas vão mudar e iremos assistir a muitas melhorias em vários aspectos da pesca desportiva em Portugal, em particular no campo da pesca aos salmonídeos.
Para isso, não bastará apenas reclamar, como tem sido feito.
O que será importante é que os pescadores não fiquem parados a reclamar pelo leite derramado e passem a tomar iniciativas, individuais ou colectivas, que obriguem a quem está do lado dos órgãos de decisão se veja sem alternativa a não ser a de mudar as coisas.


Pluma, sempre à pluma, que mais te encanta na técnica? porque achas que tantos afirmam e pensam que é algo tão complicado?

Já pratiquei todas as técnicas de pesca à truta e há largos anos que o faço exclusivamente à pluma.
Tratou-se de um processo gradual mas sem retorno!
Durante a minha adolescência pesquei sobretudo à medalha, tendo depois passado para a pesca à minhoca na qual me especializei ao ponto de mandar fazer as minhas canas por encomenda.
Ao longo dos anos, pese embora todos os cuidados que tinha, cada vez me satisfazia menos ver uma truta com a minhoca na garganta e sem possibilidades de ser devolvida à água com hipóteses de sobrevivência.
Além do mais, os gestos tornavam-se para mim cada vez mais repetitivos e o nível de desafio menos motivador.
Não é uma técnica fácil, note-se, mas depois de adquiridos os gestos fundamentais, o grau de satisfação de captura de uma truta ia sempre diminuindo.
A pesca à pluma é muito mais do que técnica, é acima de tudo uma conjugação de técnica com observação e adaptação do pescador às circunstâncias de cada momento.
Por muito que se conheça o rio no qual vamos pescar, nunca existem dois dias iguais a outro! Há sempre um elemento surpresa que altera completamente os dados da questão e que nos põe, muito rapidamente, a puxar pelos neurónios!
Na pesca à pluma, há aquele nervoso miudinho de chegar junto à água e assistir a uma eclosão de insectos, aquela dor fininha na barriga quando vemos uma truta instalada a comer, seja à superfície ou a meia água, e sabemos que só temos uma tentativa para fazer passar a pluma correctamente, há aquela truta que sabes que “mora” ali, que a vês a fazer um circuito à procura de alimento e desesperas quando não a consegues capturar ou exultas quando estás a sacar do aparelho fotográfico para imortalizar o momento!
Muitos afirmam que a pesca à pluma é complicada essencialmente, a meu ver, por duas razões: uns claramente para se vangloriarem de saber utilizar uma técnica que não está, segundo os mesmos, ao alcance “de um qualquer mortal”, outros simplesmente porque gostam de complicar o que deveria ser simples.
Não gosto de ver as coisas sob esse prisma!
A pesca à pluma só é complicada se as pessoas não seguirem os passos correctos ou se quiserem ultrapassar etapas!
Que é exigente, isso é, como em muitas coisas na vida.
Mas com vontade, dedicação e aplicação, os resultados começam a aparecer mais depressa do que se pensa.
Se alguém pretende pescar à pluma, mas durante a época toda só experimenta uma ou duas vezes e ainda por cima vai com espírito derrotista, é óbvio que a pesca à pluma vai decepcionar essa pessoa e até afastá-la da modalidade.
Tive a oportunidade de acompanhar muito de perto, na época de 2014, um pescador de trutas já com longa experiência mas que nunca tinha pescado à pluma. Conselhos telefónicos, oferta de umas quantas plumas saídas do meu torno, e acompanhamento durante várias saídas, os resultados foram rapidamente alcançados.
É um plumista principiante com apenas uma época de experiência e com o qual fiz excelentes saídas e que mesmo quando vai sozinho sabe bem fazer boas pescarias.
O que fez com que resultasse? Simples: durante toda a época só pescou à pluma!! Durante toda a época não se envergonhou de pedir conselhos e de me acompanhar. Não se acanhou em observar, não para imitar mas sim para aprender e forjar os seus próprios mecanismos pessoais. Pescou à ninfa, à seca, variou as diversas técnicas e acima de tudo, acreditou!! Como tal, não me espantou o seu sucesso, trabalhou para isso!

  Foste um autodidacta ou tiveste quem te orientasse?

Em muito do que faço na vida, sou um autodidacta, pelo menos nas fases iniciais.
Isso deve-se também à minha personalidade, bastante adepta de momentos de solidão, de momentos em que estou sozinho a pensar por mim próprio e sem depender de quem quer que seja.
A minha primeira verdadeira experiência à pluma remonta à minha adolescência, em que, numa ida a França, comprei um conjunto de seis plumas – que mais tarde vim a saber serem umas March Brown afogadas.
Via algumas revistas francesas e para mim, uma pluma era uma pluma, era tudo seca, qual afogada ou ninfas. E para mim uma linha de pesca à pluma era apenas uma linha mais grossa que as demais!!
Assim, recordo-me de ter protagonizado uma cena ridícula em que, assim que experimentei desisti: comprei uma linha de nylon 80/100 (das mais baratas obviamente) e instalei uns metros no meu carreto Ryobi (de spinning) e a essa linha atei duas plumas como tinha visto nas tais revistas francesas.
Obviamente que fiquei desencantado com aquilo, pois com a minha cana de spinning de cerca de 2,10 metros, não lançava nada, e essa experiência durou uns curtos dez minutos.
Mas o bichinho já lá estava, continuei a admirar a técnica e a ler sobre a matéria e então comecei a perceber onde tinha feito tudo mal!
Estudante, não tinha os meios financeiros para me lançar na aventura e por isso, durante os anos seguintes, continuei a pescar trutas à medalha e depois à minhoca.
Durante esses anos, fui acumulando conhecimento meramente teórico e lá fui percebendo o que verdadeiramente era a pesca à pluma.
Numa outra ida a França, comprei um conjunto de seis moscas para pescar ao sereno (o famoso “coup du soir”) da Ragot e guardei essas plumas (quase todas tricópteros) entre o meu material e de quando em vez ia deitar-lhes os olhos, e sonhar!
Por volta de 1997, passei numa conhecidíssima loja de material de pesca no Porto, que na altura estava em liquidação total pois, sinais dos tempos, ia encerrar. Comprei então uma cana de 9 pés para linha #6, da Shakespeare (que ainda possuo), um carreto da Okuma (que também possuo) e uma linha flutuante, tudo por cerca de sete mil escudos!
No pátio de casa lá fui ensaiando uns primeiros lançamentos, sempre sozinho e sempre apenas com os conhecimentos empíricos que ia colhendo nas revistas francesas.
É então que começo, por essa altura, a fazer as primeiras saídas no final da época, ao cair do dia, como adivinham!
E, sem saber ler nem escrever, lá fui capturando as primeiras trutas à pluma, quase todas com um tricóptero acinzentado que sei lá porquê, era o que mais me atraia de entre o conjunto que tinha comprado.
Note-se que na altura não existiam meios como nos dias de hoje, nomeadamente a internet, os fóruns sobre pesca, entre muita coisa que hoje acaba por facilitar (às vezes dificultar!) a vida aos principiantes.
Nas épocas seguintes, sempre sozinho, lá fazia eu as minhas saídas de pesca à pluma no final da época, quase sempre no Rio Uíma, cujos recantos não representam qualquer segredo para mim.
Fui-me apercebendo, também pela leitura e sobretudo através de um ou outro vídeo que ia comprando, que a minha técnica tinha muito por onde evoluir e que eu estava era a estagnar no que diz respeito a esta técnica.
A própria cana e linha já me pareciam muito fortes para pescar às trutas e decido então, através de catálogo e correspondência postal, comprar uma Orvis para linha #4, de 8,6 pés, que ainda hoje faz as minhas delícias nalgumas saídas!
Rapidamente, também através de catálogo, comprei um kit de montagem de plumas, em 2000 e, com muita decepção, acabo por abandonar temporariamente tal tarefa pois não conseguia montar nada que me satisfizesse.
Por essa altura, tomo contacto com outros plumistas em encontros organizados aqui ou ali – já não me recordo ao certo como tomei conhecimento dos mesmos, mas penso que terá sido através da então denominada “Caça e Pesca” ou “Linha na Água” – e inclusive participei no encontro preparatório de onde surgiu a criação da Associação Portuguesa de Pesca à Pluma.
Aos poucos e poucos fui conhecendo diversos pescadores de pluma e com isso mesmo ganhando novos conhecimentos sobre a técnica.
Mas mantive sempre uma costela de solitário, ainda hoje sendo o dia em que, muitas vezes, enveredo por esses ribeiros fora completamente sozinho em busca de momentos únicos e de pura descontracção.
Não tive, portanto, um verdadeiro orientador no sentido clássico da expressão, tive foi uma evolução que foi crescendo ao sabor dos meus encontros com outros plumistas.
Nos últimos anos tenho também, quando consigo, feito uma semana de pesca à pluma nos Pirinéus franceses, sempre acompanhado por um guia, que me tem dado excelentes lições a todos os níveis e já são alguns os amigos que por lá tenho feito, todos eles sempre dispostos a partilhar conhecimentos mútuos e saídas de pesca quando por lá passo.


Que conselhos dás a quem se quer iniciar na modalidade?

Quando acima disse que a quantidade de informação que hoje existe ajuda muito, mas também pode atrapalhar, é uma realidade que tenho constatado nos principiantes que me pedem conselho: o excesso de informação não ajuda!
Para um principiante a quantidade de informação que existe hoje em dia, sobretudo facilmente acessível através da internet, acaba por constituir um elemento de distracção do essencial que é a pesca à pluma.
Assim, vemos inúmeros modelos de canas, de carretos, de linhas, de fórmulas de terminais, de nylons tão diversos quanto as marcas existentes, e, sobretudo, tantos e tantos milhares de plumas que o principiante fica completamente atordoado e sem saber para onde se virar.
Sem ordem de preferência ou importância, daria os seguintes conselhos:
Um principiante tem antes de mais de perceber que não é de um dia para o outro que o plumista que tem pela frente aprendeu toda a informação e experiência. É um processo gradual, que pode ser mais ou menos rápido de pessoa para pessoa, mas não se pode ultrapassar etapas.
Tendo isto em mente, irá perceber que para começar na modalidade não precisa de ter vinte e tal canas nem carretos e linhas de todos os tamanhos e feitios e muito menos ter um milhão de plumas nas caixas que enfia no colete.
E daí que, antes de adquirir uma qualquer cana terá antes de mais de perceber qual a espécie que vai pescar à pluma: o material não será o mesmo consoante vá pescar trutas, carpas, barbos ou achigãs. Vamos admitir que, como é norma, pretende pescar trutas. Haverá então que analisar quais os cursos de água nos quais irá praticar mais vezes esta modalidade. Não é a mesma coisa pescar num rio de planície, largo, com pouca vegetação ou pescar num ribeiro estreito, coberto de vegetação.
E para responder a tudo isto, o melhor é procurar uma pessoa que já tenha experiência na pesca à pluma que possa orientar, com maior segurança, o melhor caminho a seguir.
Neste preciso aspecto, deixo aqui um conselho que considero muito importante e que na esmagadora maioria dos casos não é tido em conta: um principiante terá de tentar aprender as técnicas e aspectos da pesca à pluma, mas não tentar em caso algum copiar ou simplesmente imitar o seu mentor.
De facto, como em muito na vida, nem tudo o que é bom para um é bom para o outro, sendo certo que cada indivíduo tem sempre as suas particularidades que devem ser exploradas no bom sentido.
O facto de um mentor ter um cana, vamos supor, de 8 pés para linha #1, isso significa apenas que o mentor já sabe o que quer e que atingiu um patamar que lhe permite fazer essa escolha para pescar naquele preciso cenário e condições de pesca. Um principiante, para não correr o risco de ficar decepcionado com a modalidade, deverá procurar, e ser devidamente aconselhado, a utilizar uma cana que não seja de extremos, nem na acção da mesma, nem no comprimento nem no peso da linha que suporta.
Para mim, uma cana versátil para o pescador principiante, será uma cana de 8,6 pés, para linha #4 flutuante de tipo WF, com uma acção progressiva. A isto, acrescentar um terminal com cerca de 9 pés a terminar em 5x (ou 15/100).
A partir daqui, o principiante irá trabalhar e começar a perceber a dinâmica da técnica e quando se sentir à vontade, poderá começar a explorar outras canas, outras linhas, consoante os cenários em que pescar.
Outro erro que é muito comum eu verificar nos principiantes é a vontade de, após pegar numa cana de pluma, tirar logo imensa linha para efectuar lançamentos longos e compridos. Salvo a prática em determinados rios e em determinadas circunstâncias, a esmagadora maioria das trutas são capturadas a curta distância, na ordem dos 5 a 6 metros.
Mais importante do que lançar longe, é fazer uma boa aproximação e um bom posicionamento em relação ao posto onde supomos ou vimos uma truta.
O principiante vai à internet, faz uma busca sobre lançamentos na pesca à pluma e fica logo de boca aberta com uma dupla tracção, que propulsiona a pluma a mais de 15/20 metros. E pensam que, para serem bons plumistas, têm de saber fazer lançamentos olímpicos!!
Eu não sei fazer e não faço dupla tracção!!! E não me considero inferior aos plumistas que sabem lançar em dupla tracção!!
Importante é aprender os gestos básicos e depois ir evoluindo ao gosto e necessidades de cada um!
De que serve perder tempo a treinar o lançamento em dupla tracção, se depois se pratica a pesca em pequenos ribeiros de montanha em que se pesca de ponta?!
Já tenho também reparado que certos mentores gostam de complicar a coisa, para fazer a técnica parecer mais difícil do que realmente é. Só esses é que sabem lançar, só esses é que têm as plumas fatais, só esses é que têm uma cana XPTO. Alguns o farão inadvertidamente sem sequer se aperceberem que estão a desorientar o principiante, outros fazem-no, deliberadamente, de propósito para engrandecer o seu próprio ego!!
Facto é que o principiante tem de ter uma mente aberta para as várias realidades da pesca à pluma, sem nunca se deixar amarrar ou cegar por este ou aquele plumista, este ou aquele material, esta ou aquela técnica.
Outro elemento muito importante é também o que está relacionado com as plumas!!!
Ora aqui temos um campo em que são mais as dúvidas do que as certezas!
Que pluma escolher?! Seca, ninfa, afogada ou streamer?!
A minha resposta é: a pluma que em primeiro lugar inspirar confiança ao pescador!
Claro que essa confiança resultará de um processo evolutivo que decorre da experiência e do refinamento da técnica de cada um.
Se o pescador estiver a utilizar uma pluma na qual não tem toda a confiança naquele momento, isso, inevitavelmente vai influenciar o lançamento, o pousar da pluma, a deriva da pluma e são tudo elementos que se irão traduzir numa captura ou num falhanço.
A pluma pode ser excelente, mas se tudo o que a rodeia, a começar pelo estado mental do pescador, não estiver ao mesmo nível, num ou noutros pontos irão ocorrer erros que irão influenciar o sucesso ou insucesso da pesca.
A título exemplificativo, um dos poucos amigos com quem faço saídas de pesca adora pescar com secas tipo parachute. Eu não desdenho tais plumas e até tenho uma caixa apenas com esse tipo de plumas. Mas são poucas as vezes em que utilizo uma pluma parachute. E isso não faz com que os nossos resultados sejam muito diferentes!
Muito haveria ainda que dizer aos principiantes, mas se me permitem uma nota final, eu diria para não complicarem. Simplifiquem sempre, quer na pluma utilizada, quer no terminal, quer no lançamento e sobretudo, simplifiquem a forma de abordar os postos de pesca.
O complicado não é forçosamente o mais eficaz!!
Observem, muito, não apenas os outros pescadores, mas também e sobretudo, o rio, os locais por onde passam, a vegetação, os insectos que aqui e ali fazem os seus voos, observem a superfície da água. Não ataquem uma truta à pressa, porque ela só vai fugir se fizerem mal as coisas. Uma truta a alimentar-se dá tempo para tudo e mais alguma coisa. Dá tempo para trocar de ponta, dá tempo para trocar de terminal, dá tempo para terminar de pluma, dá tempo para apreciarmos o seu vai e vem e retirarmos mais uma lição.
Porque na pesca em geral e na pesca à pluma em particular, não há ninguém que saiba tudo! A aprendizagem é constante, uns mais outros menos, temos todos os dias coisas novas para aprender!







 Queres contar aos leitores 5 modelos de plumas que nunca faltam nas tuas caixas?

Sou, por essência, um pescador de pluma seca. Mas vou sempre preparado para todos os cenários, sobretudo no início da época em que as águas correm fortes.
Assim, no meu colete irão encontrar um número exagerado de caixas de plumas, mas lá está, é mais um elemento psicológico ligado à minha necessidade de confiança do que propriamente uma necessidade de trocar um número de vezes infinito a pluma com que estou a pescar.
Sem excluir outras que por vezes se revelam fundamentais, há algumas que nunca faltam nas minhas saídas de pesca.
Uma Adams (seca) em tamanho anzol #14 ou #16, sobretudo nos primeiros meses da época, para imitar a March Brown e a Baetis Rodhani.
Um tricóptero (seca) em tons acastanhados, também em anzol #14 ou #16, que é útil durante toda a época de pesca e na esmagadora maioria dos rios.
Uma efémera (seca) com o corpo em quill de perú e asa em CDC, tons de bege, anzol #16 ou #18, que tenho sempre ao dispor ao longo de toda a época – sobretudo nas zonas mais calmas e com uma superfície de água estável.
Uma hydropsiche (ninfa) em tons de bege e castanho, lastrada com uma ou duas cabeças de tungsténio (de cor cobre) para pescar bem perto do fundo, em anzol curvo (tipo caddis) de tamanho #12, que utilizo sobretudo em águas fortes e profundas.
Uma efémera (ninfa) com ou sem cabeça de tungsténio (consoante o nível de água a que pretendo pescar) em tamanho #12 ou #14, numa montagem feita com um misto de fibras de cauda de faisão e dubbing de pêlo de lebre e de esquilo.
Muitas mais poderia aqui descrever, mas muitas delas são variações destas que acabei de citar e não duvidem de que estas nunca faltam nas minhas saídas de pesca.





A truta que mais prazer te deu a capturar?

Escolher uma truta que me tenha dado mais prazer de capturar do que as outras, é uma tarefa inglória e certamente iria induzir-me a mim próprio em erro.
Poderia facilmente descrever aqui a captura da maior truta, mas seria uma resposta demasiado óbvia e não forçosamente sinónimo de melhor captura no que ao gesto diz respeito.
Assim de repente, lembro-me de uma truta capturada na época de 2014, precisamente no Rio Uíma, numa das poucas vezes em que por lá passei.
Chegado ao local, e enquanto me equipava, verifiquei que estava um pescador sensivelmente da minha idade, a pescar à minhoca num cantinho onde já fiz excelentes capturas.
Ele lá ia lançando e conduzindo a minhoca mas nada.
As águas estavam um pouco turvas devido às chuvas das vésperas e por isso optei pela minha imitação favorita de hydropsiche, num terminal com a ponta em 5x (equivalente ao 0,15).
Entrei na água uns bons vinte metros abaixo do local em causa e na margem oposta, pois não quis perturbar a acção de pesca do outro pescador.
A cerca de dez metros do outro pescador (mas sempre na margem oposta) lancei um “Boa tarde” e ele olhou directamente para mim (até aí tinha olhado de soslaio, como se estivesse a fazer de conta que não me tinha ainda visto…).
Perguntei se ele não se importava que eu lançasse na margem onde eu estava ou se ele fazia intenções de lançar para lá.
Ele disse que não, pois não conseguia lançar para lá.
Apesar de ele estar a explorar o melhor posto (onde uns meses depois, já no defeso, vi uma belíssima truta com mais de 40 cms) eu sabia, por conhecer muito bem o rio, que na margem oposta havia uma corrente manhosa, junto a uma pedra submersa, onde por vezes se instalava uma truta a comer.
Como o local é manhoso (a corrente de superfície é completamente diferente da corrente submersa), lancei a ninfa cerca de 1 metro acima do local e imediatamente baixei a ponta da cana para que a ninfa fosse arrastada para a trajectória correcta.
Gesto acabado de executar e sinto um puxão na linha, ao qual, instintivamente reagi levantando a ponteira da cana e assim cravando o anzol numa truta com cerca de 25 cms que, segundos depois estava no meu camaroeiro. Pescando com anzóis sem barbela, foi fácil de a descravar e peguei na minha máquina de fotografar, tendo feito, como usualmente, duas ou três fotos sem retirar a truta da água. Coloquei a máquina em modo de filmagem e assim filmei durante alguns segundos aquela truta a regressar ao seu habitat.
Enquanto estou a arrumar a máquina, ouço o outro pescador e dizer “Isso sim, é mesmo por desporto!” Olhei para ele e vi que já não tinha a cana em acção de pesca e estava, há não sei quanto tempo, a observar-me.
Respondi-lhe que era preciso preservar e que me dava tanto prazer capturar um truta como soltá-la e vê-la a regressar à agua em boas condições. E ele então, com desalento, diz-me “Realmente, é um gesto bonito mas é preciso ter muita coragem para devolver à água uma truta boa como essa!”. E foi-se embora pelo rio abaixo, não o tendo mais visto pescar enquanto a minha visão alcançava a linha de horizonte.
Esta e outras trutas ficam-me na memória pois capturar um ou mais peixes na presença de um pescador para quem um peixe vai parar ao cesto, tem um gosto especial, não para dizer que sou melhor do que eles, mas sim porque isso permite-me dar o exemplo e demonstrar que a pesca sem morte é uma realidade, não é uma mera frase da boca para fora como infelizmente ainda é a prática de muitos pescadores.

Agradeço novamente a gentileza do José em aceder ao meu pedido, deixo de seguida o email onde podem solicitar informações e licenças para a concessão de pesca do rio Inha e ainda o telefone do José Barbosa para o mesmo efeito:

arpescacanedo@gmail.com  

917826940

Cinnetic explorer sea bass

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Como sabem só por aqui escrevo sobre materiais que já experimentei ou utilizo e tento não escrever sobre os flops do mercado onde eu mesmo já gastei dinheiro em vão.

Escrevo este post porque há artigos low cost que nos deixam a pensar..

À cerca de 2 anos atrás um amigo adquiriu 2 canas da marca Cinnetic , as duas tinham custado perto de 100 euros, as duas...
 Bem, depois dessa   historia passaram  uns meses , eu para ser franco não tinha dado grande importância ao tema , nessa altura  começaram os blogues da vizinha Espanha a  falar das canas, dos preços e das suas qualidades..

Para ser honesto nunca entendi muito bem algumas correntes de opinião dos nossos amigos galegos, sempre gostaram de pescar com material que por vezes chegaria para pescar atuns,  na Galiza pesca-se muito em pesqueiros elevados, onde é necessário içar os peixes a peso e devido a isso precisavam de material forte mas na realidade há muitos pesqueiros que não é necessário o forte e feio.

Acabei por encomendar online uma explorer  sea bass 360, por 54 euros de investimento a perda não seria elevada, quando recebi a cana lembro de colocar 5 pacotes de um litro de leite dentro de uma rede e tentar içar a mesma, na verdade consegui fazer a habilidade e logo aí comecei a olhar para esta cana com outros olhos, tinha força e pesava menos de 300 gramas

Tinha comprado a mesma para pescar à zagaia em 2 pesqueiros de altura que de quando em vez frequento, lembro-me de quando a estreei capturei um robalo na casa dos 3.5 kg em que tive que o levantar a peso pelo menos a 3 metros de altura e a cana 5 estrelas.


Faço este post porque ultimamente tenho tropeçado nesta marca em algumas lojas de pesca em Portugal, houve uma altura em que as amostras low cost vieram alterar o paradigma de pesca em Portugal agora acho que esta marca vai fazer pelo menos as marcas Portuguesas pensar de outra forma, também não entendo onde andaram os lojistas nacionais até agora, bastavam ter  ido à Internet para verem o sucesso das canas em Espanha, lá as recebemos passados 2 anos...

Só tenho experiência com a cana do titulo do post mas conto já com vários amigos a usar outras versões mais curtas e em bem verdade se diga nada de muito negativo lhes apontam, sendo que ao que parece as novas versões já trazem outros up grades .

Sei que esta cana em questão se fosse da Shimano ou da Daiwa custaria na casa dos 130 aos 150 euros, custa metade porque é de uma marca em lançamento e ainda sem nome no mercado,

 Com esta cana já pesquei à zagaia, com jerks, ao buldo e com vinis, quantas canas fazem isto sem comprometer a eficácia ou as dores nas costas? Para mim a praia dela serão todas as amostras que andem entre as 20 e 50 gr e pesqueiros onde se tenha que forçar o peixe ao máximo do limite do material.

Quando vou para pesqueiros duros é já esta cana a eleita e tudo por 54 euros..

Quando dizem que o spinning é uma modalidade cara a afirmação não é de todo incorrecta mas cada vez mais está longe de ser uma certeza.

Não faço futurologia mas aposto que esta marca vai ganhar uma cota de mercado interessante em Portugal, só fico a pensar onde andam as marcas nacionais com a cabeça porque esta marca já colocou muitos pescadores a falarem nela e não tenho lido comentários depreciativos ou vozes  dos velhos do Restelo.

Também fico a pensar como é que gasto dinheiro em canas 10 vezes mais caras que fazem quase  o mesmo que esta...







Abertura da pesca às trutas 2015

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A poucos dias do levantamento do defeso da pesca às trutas em Portugal Continental é natural que o nervoso miudinho se vá apoderando de muitos.
Confesso que já não vivo com a mesma ansiedade de outros tempos, muito em parte porque a idade nos vai ajudando em algo mas no fundo o desejo de calcorrear uma margem de um rio com águas límpidas , rápidas e bravas continua sempre lá.
Para mim o dia de abertura é sempre reservado para a companhia do meu Pai e Irmão, de quando em vez lá nos acompanham amigos, as coisas são sempre feitas com calma, descontracção e sempre boa disposição, esta data acaba sempre por ser mais uma reunião familiar entre outras, em moldes diferentes unidos por uma paixão comum transmitida pelo meu Pai.

As previsões são de alguma chuva, não me parece que seja o diluvio do ano passado, na maior parte dos casos a mesma vai ajudar nas capturas, os caudais de muitos rios também estão relativamente estáveis e apropriados para a altura do ano, por isso acredito que muitos pescadores poderão fazer o gosto ao dedo no próximo Domingo.

Em capturas este dia nada me diz, como antes disse é mais um ritual do que propriamente  uma jornada de pesca com expectativas em alta.

É um dia de corridas  nos rios, aglomerados de pescadores  e muitos carros estacionados nas margens em pontos estratégicos, como irei efectuar a abertura em águas livres de certeza que encontrarei alguns pescadores velocistas, aqueles que gostam de lançar num spot e correr durante 150 metros para serem os primeiros a lançar num spot mais apropriado, compreendo essa atitude em miúdos de 14 anos, em adultos já me custa um pouco mais , o porquê desse acto até entendo,  a abertura das trutas vai matar a fome a muita gente em Portugal...
Quando alguém me conseguir explicar o porquê de alguém efectuar largos km de carro, pagar portagens, alguns pagarem o almoço num restaurante e voltarem para casa com uma ou duas trutas de 20 cm no cesto eu provavelmente irei ter uma mente mais aberta e compreensiva para a pesca com morte em águas livres...

Ao contrario do que possam pensar quando me cruzo nos rios com outros pescadores, falo com todos, claro está se a conversa se proporcionar, dá-me no mesmo se pescam com minhoca ou à pluma, para mim são todos pescadores de trutas a fazerem aquilo que gostam e que lhes dá prazer.

Quando posso lá vou incitando a pesca sem morte, não faço disso um cavalo de batalha nem tema único de conversa, só gostava que houvesse um pensamento de partilha  ou pelo menos um sentido de pertença colectiva, as trutas são de todos e para todos, lá está, parecendo contraditório as trutas são para todos, os que pescam com morte e sem , com minhoca ou com aquela mosca que demorou 15 dias a ser feita e as penas vieram de um galo que vivia no cimo de uma montanha de 3000 mt de altura situada nos confins dos Himalaias..

 Não podia de deixar aqui também uma mensagem de apreço aos clubes ou outros  responsáveis por concessões, não falo daqueles que tem as concessões e que a esta altura já tem as licenças distribuídas pelos amigos e vão pescar no seu feudo privado , falo daqueles que fizeram muito durante o defeso, protegeram os rios, as trutas e que até em muitos casos criaram situações para uma melhor fixação e reprodução das mesmas..

Acima de tudo desfrutem de cenários maravilhosos e se possível pesquem em segurança com consciência e em consciência..



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